Rendimento agrícola cai 10,7% em 2025 devido à redução dos subsídios
O rendimento da atividade agrícola deverá cair 10,7% em 2025, após dois anos consecutivos a subir, penalizado pela quebra de 34,3% dos outros subsídios à produção, segundo a primeira estimativa das "Contas Económicas da Agricultura" do INE.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2025, o rendimento da atividade agrícola por unidade de trabalho ano (UTA), em termos reais, deverá registar um decréscimo de 10,7%, após dois anos com crescimentos significativos (17,3% em 2023 e 15,2% em 2024).
"Esta evolução é fortemente influenciada pela redução nominal dos `outros subsídios à produção` (-34,3%), que regressam a níveis habituais após o pagamento de um montante elevado destas ajudas em 2024", explica.
Por outro lado, estima-se que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) registe um aumento nominal (+1,2%), refletindo uma redução da produção (-0,4%), menos pronunciada do que a verificada no consumo intermédio (-1,4%).
Contudo, em termos reais (descontando o efeito dos preços), o VAB deverá decrescer 5,4%, mantendo-se o peso relativo do VAB do ramo agrícola no VAB nacional próximo de 1,9%.
Este ano, o consumo intermédio deverá diminuir 1,4% em termos nominais, traduzindo um ligeiro acréscimo em volume (+0,1%) e um decréscimo do preço (-1,4%), salientando o INE as variações nominais negativas na energia (-2,6%), nos adubos e corretivos do solo (-0,9%) e nos alimentos para animais (-4,5%).
Segundo o instituto estatístico, é expectável que o índice de preços da produção (101,7) seja superior ao do consumo intermédio (98,6), invertendo a situação observada em 2024 e "configurando um cenário mais favorável à atividade agrícola".
Este ano, o instituto estatístico estima que o total de ajudas, classificadas como subsídios pagos ao produtor agrícola, registe uma "diminuição significativa" de 33,1%, regressando aos valores de 2022 e anos anteriores, depois de uma "diminuição pronunciada" em 2023 (-32,2%) e de um "acréscimo acentuado" em 2024 (+95,3%).
O INE perspetiva, nomeadamente, decréscimos nos `subsídios aos produtos` (-28,1%) e nos `outros subsídios à produção` (-34,3%).
Segundo nota, "à semelhança do que é comum acontecer na transição entre quadros comunitários, após a redução inicial em 2023, as ajudas intensificaram-se em 2024 e voltaram aos níveis habituais em 2025".
Numa comparação internacional, o INE constata que, entre os triénios 2005-2007 e 2022-2024, a importância relativa do VAB do ramo agrícola no VAB nacional diminuiu na generalidade dos Estados-membros, tendo o peso da agricultura na economia portuguesa sido superior ao observado na UE27 (1,9% `versus` 1,5% no triénio 2022-2024), mas inferior ao de países como Itália, Espanha e Grécia.
Entre os triénios de 2005-2007 e 2022-2024, o rendimento da atividade agrícola em Portugal aumentou 72,3%, um crescimento inferior à média da UE27 (+82,2%), mas ainda assim o 10.º maior crescimento entre os Estados-membros.