Reserva norte-americana pode baixar taxas de juro

por Lusa
A Reserva Federal dos EUA poderá baixar as taxas de juro REUTERS/BRENDAN MCDERMID

A Reserva Federal norte-americana (Fed) anuncia esta quarta-feira mais uma decisão sobre as taxas de juro do país, após o recente colapso de bancos nos EUA.

As expectativas dos investidores de uma desaceleração ou mesmo travagem completa da subida das taxas de juro da Fed foi reforçada com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) na sexta-feira e do Signature Bank pouco depois, situações que levaram a Fed a disponibilizar "financiamento adicional" aos bancos norte-americanos para ajudar a garantir que as instituições tenham capacidade para satisfazer as necessidades "de todos os seus depositantes", disseram analistas ouvidos pela Lusa.

"A situação é séria e a forma como as autoridades dos EUA reagiram, ao garantir os depósitos e a facilitar linhas de crédito para evitar o contágio, mostra que o caso é para levar a sério pois pretende evitar-se o alargamento da crise", sustenta Filipe Garcia, da IMF - Informação de Mercados Financeiros à Lusa.

Os analistas sublinham que a subida das taxas de juro nos EUA contribuiu para o colapso dos dois bancos norte-americanos.

"É importante notar que a subida dos juros nos EUA contribuiu para a atual situação, pelo que poderá fazer com que os decisores de política monetária nos EUA comecem a ponderar abrandar ou até mesmo parar a subida dos juros, sendo que as atuais circunstâncias poderão também fazer com que o Banco Central Europeu (BCE) pondere e esteja atento a eventuais riscos na banca devido à subida abrupta dos juros ao longo dos últimos meses", afirma Henrique Tomé, analista da XTB.

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, refere que "os investidores antecipam agora uma desaceleração do ritmo de aumento das taxas de juro, sobretudo do banco central dos EUA, acrescentando que "este abrandamento poderá mitigar as atuais dificuldades nos pequenos bancos, em grande parte impulsionadas pela subida dos juros para travar a inflação mais elevada das últimas décadas".

Antes, em 7 de março, o presidente do banco central norte-americano advertia que a principal taxa de juro da Fed podia continuar a subir e ultrapassar 5,1%, o nível que os responsáveis da instituição consideravam até agora o limite. Depois de várias subidas mais fortes das taxas de juro, a Fed abrandou o ritmo nos últimos meses e da reunião mais recente, no início de fevereiro, saiu um aumento de 25 pontos base.
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