Reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos crescem em agosto mas já caíram 24%
As reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos, em função dos depósitos, subiram em agosto, face ao mês anterior, para 221.005 milhões de meticais (2.980 milhões de euros), mas acumulam uma descida de 24% este ano, segundo dados oficiais.
De acordo com o histórico dos últimos relatórios estatísticos do Banco de Moçambique, essas reservas obrigatórias no banco central comparam com o recorde de dezembro passado, de 291.457 milhões de meticais (3.930 milhões de euros), imediatamente antes do alívio destas restrições.
Em junho, o volume dessas reservas cifrava-se em 212.798 milhões de meticais (2.868 milhões de euros), subiu em julho para 213.313 milhões de meticais (2.875 milhões de euros), voltando a acelerar, 3,6%, em agosto.
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023 e, nos primeiros seis meses desse ano, os coeficientes foram aumentados por duas vezes, para "absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária".
O último desses aumentos aconteceu em junho de 2023, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (834 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central chegou a aumentar quase 400%, até ao final de 2024.
Face à falta de divisas no mercado interno, os empresários moçambicanos insistiram nos últimos meses na necessidade de o banco central aliviar os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda estrangeira.
Essa decisão só surgiu em 27 de janeiro deste ano, quando o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu cortar nos coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional, para 29%, e em moeda estrangeira, para 29,5%.
"Visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços", referia-se no comunicado da reunião do CPMO.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em 26 de março que a liquidez no sistema financeiro, nomeadamente em divisas, é suficiente, após a redução decidida em janeiro dos coeficientes, que não prevê repetir, o que de facto não voltou acontecer nas três reuniões seguintes do CPMO, que acontecem a cada dois meses.
"Neste momento estamos tranquilos com o nível de liquidez que existe no sistema, não há necessidade de tocar na liquidez estrutural, mexendo com as reservas obrigatórias. Vamos manter. Não é uma coisa que se brinca, com os coeficientes", disse o governador, questionado pelos jornalistas no final da última reunião do CPMO.