Resultados da Banca "geralmente bons", mas não ao nível do que já foi atingido, admite Vítor Bento

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Vítor Bento admite, em entrevista ao programa Conversa Capital, da Antena1 e do Jornal de Negócios, que os resultados da Banca para o semestre apresentem valores abaixo do que já aconteceu no passado, mas ainda assim, serão "geralmente bons" resultados.

Antena 1 /
Do próximo Orçamento do Estado a Banca espera que continue a reduzir as dependências do país, nomeadamente ao nível da dívida pública, e que ponha fim às contribuições para o Fundo de Resolução que, segundo Vítor Bento, neste momento, em termos consolidado, já estão só a servir para pagar despesa corrente do Estado.

Acusa ainda a Autoridade da Concorrência de ter lançado um inquérito à concorrência no mercado bancário orientado, com vícios, para gerar as conclusões que pretende!

Vítor Bento explica que os resultados da banca estão ainda a refletir um ajustamento resultante da descida das taxas de juro e daí a justificação para serem geralmente bons, mas não ao nível do que já foi atingido.
Aponta o dedo às contribuições para o Fundo de Resolução que, do ponto de vista consolidado das contas do Estado, só estão a financiar despesa corrente e a retirar vantagens competitivas aos bancos.
Não traça um nexo de causalidade direto entre a baixa taxa de remuneração dos depósitos e o custo das contribuições para o fundo de resolução, mas lembra que, na prática, o que isso significa é que "só por abrirem a porta, os bancos estão a perder dinheiro" ou seja, "têm de pagar um imposto de porta aberta".
Neste âmbito, Vítor Bento espera que o próximo Orçamento do Estado ponha fim a este pagamento da Banca.
Em termos gerais, a APB defende que o próximo Orçamento do Estado continue a reduzir as dependências do país, nomeadamente ao nível da dívida publica.

Já quanto à redução da carga fiscal, nomeadamente do IRS, Vítor Bento vê nessa tendência, que considera positiva, uma forma de obrigar o Estado também a ser mais exigente com o modo como gasta os recursos existentes.
Já quanto ao IRC, apesar de considerar a redução útil, lamenta que não se mexa na progressividade.
Sobre os investimentos do Estado em Defesa e a participação da Banca nesse esforço, Vítor Bento acredita que cada banco, por si, vá definir a estratégia de ajustamento às novas orientações políticas, tendo em conta as restrições regulatórias que existem.
Nesta entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Vítor Bento avalia como positiva a compra do Novo Banco pelos franceses do BPCE por 6,4 mil milhões e salienta que a valorização do banco implicitamente valoriza o sistema financeiro português.
Não considera que haja uma alteração de forças no mercado com a entrada do BPCE, mas admite, isso sim, uma diversificação do mercado do ponto de vista dos interesses estratégicos

Sobre o inquérito que a Autoridade da Concorrência está a pôr em prática para avaliar as condições de concorrência no mercado bancário, Vítor Bento diz que está viciado porque foi orientado para gerar as conclusões que a autoridade da concorrência pretende. Não é aleatório e por isso os resultados estão pré-determinados.
Entrevista de Vítor Bento ao Conversa Capital conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Hugo Neutel, do Jornal de Negócios. 
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