Economia
Ryanair assume rotas abandonadas pela TAP no Porto
A Ryanair vai assumir as ligações internacionais que a TAP abandona no Porto. Mesmo assim, a TAP garante que vai reforçar a sua operação a partir do Porto. Como? Através da ponte aérea com Lisboa que levanta voo dia 27. O Jornal 2 segue ainda a pista do negócio dos aviões que a vão fazer. Um negócio onde, aparentemente, David Neeleman ganha sempre. Entretanto, o Eixo Atlântico aprovou um voto de repúdio pela atitude da transportadora aérea nacional e o seu presidente, Ricardo Rio, foi um dos convidados do noticiário da RTP2.
A partir de novembro, a Ryanair vai assumir as ligações que a TAP cancelou a partir do aeroporto do Porto. A companhia vai assim reforçar os voos que já faz para Milão, Barcelona e Bruxelas. A Ryanair avança ainda com uma nova ligação a Varsóvia e reforça o número de voos para Madrid.
A companhia promete transportar 3,4 milhões de passageiros de e para o Porto.
A solução agrada a todas as partes envolvidas. No entanto, não tem o peso simbólico que teria a manutenção de uma presença estratégica da companhia de bandeira no aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Esta quarta feira, o presidente da autarquia do Porto é recebido pelo primeiro-ministro para discutir a relação da TAP com o norte do país.
O presidente do Eixo Atlântico considera que, tal como foram definidos - no caderno de encargos da privatização - os aeroportos de serviço público em que a TAP deve operar, deveriam ter sido acauteladas as rotas estratégicas. Aponta ainda que estas deveriam ter sido definidas de acordo com o peso económico que alguns destinos têm para o tecido empresarial da região.
Mais voos da TAP no Porto
Mesmo abandonando rotas, a TAP garante que vai fazer mais voos este ano para o Porto do que no passado. Como? Através da ativação da ponte aérea com Lisboa: são 16 voos diários em cada sentido, entre as 5h30 e as 22h25.
Os voos serão operados através da marca TAP Express. "A designação da TAP Express será apenas uma marca comercial. A TAP continua a ser o transportador, responsável pela comercialização do produto e perante as entidades nacionais e internacionais e a PGA e a OMNI os operadores", esclarece a transportadora aérea nacional.
A Portugália (PGA) é a operadora regional do grupo TAP desde 2006. Já onde se ONMI deve ler-se White Airways. A White é uma empresa do Grupo OMNI desde 2007 e dedica-se a voos charter. Operou mesmo uma linha regular entre Lisboa e Cabo Verde.
Tem também uma forte divisão de aviação executiva com aeronaves de luxo, mas um dos seus grandes negócios é o aluguer de aviões com piloto. A Portugália já era um dos clientes. Agora, os aviões estão a ser pintados com outras cores: as da TAP Express.
Azul vende aviões à White
Sob esta nova marca, a White vai assegurar a ponte aérea Lisboa - Porto e a ligação Lisboa - Vigo.
Com apenas nove aeronaves, algumas delas desadequadas a este fim, a White teve que comprar mais aviões para servir a TAP.
Os aparelhos foram comprados à Azul. São oito turbo hélice, num negócio que terá rondado os 400 milhões de euros. David Neeleman, novo dono da TAP, vende assim os aviões que o vão servir e que estariam sem utilização pela sua companhia no Brasil.
Desconhece-se que em todos os processos tenham existido concursos mas antes normais acordos diretos entre empresas privadas. Um facto que não traria polémicas se o Estado não se tivesse tornado no maior acionista de uma das partes: detém agora 50 por cento do capital da TAP.
Os autarcas do Eixo Atlântico, que reúne cidades do norte de Portugal e da região espanhola da Galiza, estiveram com o ministro do Planeamento e Infraestruturas e votaram por unanimidade um voto de repúdio pela atitude do operador aéreo de bandeira.
Estes autarcas consideram que o fim de uma operação relevante da companhia - como a que representa a exploração de voos diretos para Milão, Roma, Bruxelas ou Barcelona - afeta a "voz" de todo o noroeste peninsular.
Esta quarta-feira, Rui Moreira reúne-se com António Costa. Na conversa com o primeiro-ministro, estes serão temas em cima da mesa. Em pano de fundo está a salvaguarda do papel estratégico da TAP para o norte do país.