Santander vai "adiar temporariamente" as rescisões unilaterais

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Sergio Moraes - Reuters

Numa nota interna à qual a RTP teve acesso, a comissão executiva do Santander anunciou que "tomou a decisão de adiar temporariamente a aplicação de qualquer medida unilateral". Após uma reunião com os Sindicatos dos Trabalhadores Bancários integrados na UGT, o banco esclareceu que vai manter neste período "as propostas já apresentadas aos colaboradores envolvidos", esperando que estas venham a ser aceites e se evite um despedimento coletivo.

Na passada quarta-feira, o Banco Santander anunciou que iria avançar com uma “redução unilateral” dos trabalhadores, pretendendo cortar entre 100 a 150 postos de trabalho "cujas funções se tornaram redundantes".

Esta quarta-feira, após uma reunião solicitada pelos Sindicatos dos Trabalhadores Bancários integrados na UGT, a comissão executiva anunciou que aceitava “adiar temporariamente” estas rescisões unilaterais.

O banco “atendeu às solicitações transmitidas pelo SBN [Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal], SBC [Sindicato dos Bancários do Centro] e Mais Sindicato, e tomou a decisão de adiar temporariamente a aplicação de qualquer medida unilateral, mantendo durante este período as propostas já apresentadas aos colaboradores envolvidos, com a expetativa de que as propostas apresentadas venham a ser aceites e possam evitar a aplicação de um despedimento coletivo, tal como previsto na lei”, explica a comissão executiva do Santander numa nota interna à qual a RTP teve acesso.

Os três sindicatos do setor esclarecem ainda que o banco “comprometeu-se a adiar a aplicação de qualquer medida unilateral, aceitando proceder em conformidade com o pedido dos sindicatos”, que insistem na necessidade de “negociar saídas por acordo e não por decisão unilateral do banco”, “contactar todos os trabalhadores que pretendam aceitar a reforma e cumpram o requisito de terem 55 ou mais anos”, “abrir o processo de candidaturas a rescisões por mútuo acordo (RMA)” e “requalificar os que querem continuar no banco, pois há muito trabalho e muitos trabalhadores estão a ser sobrecarregados”.

“A administração foi sensível aos argumentos e à postura dos sindicatos, que reiteraram estar dispostos a negociar e encontrar soluções”, garantiram as estruturas.

O Santander explica no comunicado que “abrirá a possibilidade a qualquer colaborador de solicitar a apresentação de propostas de acordos de saída, independentemente da sua idade e da área em que esteja colocado”.

O banco acrescenta ainda que se mantém em execução o plano de transformação apresentado em março e que está a decorrer um plano geral voluntário de saída para colaboradores com 55 ou mais anos de idade (Plano 55+), que representam atualmente uma fatia de cerca de 950 trabalhadores do banco.

Em junho, após a conclusão deste plano, “será apresentado um plano de reestruturação global do quadro de recursos humanos, sem prejuízo da reavaliação que entretanto será feita das medidas agora temporariamente adiadas”,
lê-se ainda na nota do Santander.

Num outro encontro, que decorreu na terça-feira, os sindicatos e a UGT reuniram-se com a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.

“Muito célere a responder ao pedido, a ministra do Trabalho mostrou-se sensível às preocupações transmitidas e comprometeu-se a contactar a administração do banco Santander”, adiantaram as estruturas sindicais, acrescentando que a governante "garantiu ainda manter um canal aberto com os sindicatos para acompanhar a questão da redução de quadros de pessoal na banca”.

“Os sindicatos aguardam agora a marcação de reuniões com os vários grupos parlamentares e com a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT)”, afirmam.

O Banco Santander, que está em processo de reestruturação, deu início em setembro a um conjunto de propostas de rescisões por mútuo acordo (RMA) aos seus trabalhadores. No comunicado dos resultados dos primeiros três meses do ano, o banco refere que "a otimização da rede de agências implicou a redução de 427 para 386 balcões (entre dezembro de 2020 e março de 2021)" e que foram "concretizados 68 acordos de saída do banco com colaboradores abrangidos".
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