Semana de protestos nas SCUT até recuo do Governo
Várias vias das SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador) da Costa de Prata, Norte Litoral e Grande Porto vão esta semana ser palco de protestos contra a introdução de pagamentos. As comissões de utentes têm previstas marchas lentas como forma de protesto contra a decisão do Governo de implementar portagens a partir de Julho.
José Ferreira, da comissão de utentes da A29, espera a adesão de "algumas dezenas" de condutores nesta marcha com início marcado para Coimbrões, Gaia, terminando em Ovar/Norte.
"A situação do país tem piorado a olhos vistos", sustentou José Ferreira, defendendo que aquela zona não tem vias alternativas.
Na quarta-feira, o protesto prossegue com um desfile na A41/A42 (Grande Porto), terminando esta fase de manifestações a 2 de Junho com uma marcha na A28 (Norte Litoral).
As comissões de utentes pretendem manter os protestos até que o Governo recue na decisão de introduzir portagens naquelas vias.
José Ferreira faz um apelo às transportadoras para se juntarem aos protestos dos utentes, sustentando que caso o fizessem o Governo recuaria "sem dúvidas".
Gonçalo Oliveira, do movimento de utentes da A41/A42, diz que a marcha lenta da próxima quarta-feira "será uma forma de os utentes manterem viva a sua indignação e demonstrarem a sua incompreensão. Acreditamos que a nossa luta tem atrasado a introdução das portagens, apelando assim a todos os que estão do nosso lado a se juntarem neste novo desfile".
As comissões falam em injustiça caso o Governo avance com a introdução de portagens nestas SCUT a Norte, lembrando que se trata de uma região afectada por uma crise "mais profunda que a média do país".
Contestados critérios do Governo
Os contestatários da introdução de portagens nas SCUT sustentam são os próprios critérios do Governo que estão em causa, com o Executivo a contrariar os seus pressupostos.
Os utentes salientam a inexistência de estradas alternativas, bem como os índices de desenvolvimento destas regiões, "demasiado baixos" para população e empresas locais "suportarem mais esse imposto".
Há um mês, o ministro das Obras Públicas defendia que a introdução de portagens nas SCUT é uma "questão de justiça, equidade e solidariedade relativamente aquilo que é praticado em todo o país".
A decisão de introduzir portagens em três SCUT do Norte e Centro do país insere-se no projecto de modernização do sistema rodoviário nacional e da sua necessidade de financiamento, referia António Mendonça.
"Portugal está a fazer um esforço notável de modernização de todo o sistema rodoviário", apontou o governante, acrescentando que para financiar esse esforço "há que introduzir critérios de racionalidade económica geral e de justiça".
"As SCUT custam ao país 700 milhões de euro por ano e o que está previsto com a introdução de portagens é uma receita de 120 milhões de euros. Ainda há 580 milhões de euros que terão que ser pagos por todos nós", esclareceu António Mendonça.