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Simone Tebet . Brasil "precisa de gastar bem o pouco recurso que tem disponível"

por Lusa
Adriano Machado - Reuters

A ministra do Planeamento e Orçamento brasileira, Simone Tebet, defendeu hoje em Lisboa a aprovação da reforma tributária, o controlo do défice e um plano económico para os próximos quatro anos como as "três grandes missões" do Governo.

Tebet, que intervinha no último dos dois dias de trabalhos da conferência empresarial promovida pelo Lide Brasil em Lisboa, destacou que o Brasil precisa de crescer e voltar a ser competitivo "gastando bem o pouco recurso disponível".

"Aprovar a reforma tributária, que há 30 anos tramita e dormita nas gavetas e nos corredores do Congresso Nacional, apresentar uma nova âncora ou um novo arcabouço fiscal para o Brasil para controlar os gastos e diminuir e `zerar` o défice fiscal que hoje está em torno de 2% do PIB brasileiro e, por fim, apresentar ao Brasil ainda este ano, o plano plurianual, aquele que irá conduzir os destinos do Brasil através da economia para os próximos quatro anos", enunciou.

Simone Tebet criticou duramente a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que disse ser "um timoneiro sem carta náutica" e defendeu que o Brasil "precisa de voltar a crescer, ser competitivo".

"O Brasil, depois de uma tormenta, retomou o lado certo da História. O Brasil, que eu sempre comparo a um verdadeiro transatlântico de bandeira verde-amarela, passou nos últimos anos por uma tormenta económica, social, política, institucional, sanitária, com um timoneiro que não tinha uma carta náutica e portanto não sabia ou não quis levar o Brasil a um porto seguro", acusou.

A ministra brasileira adiantou que o Brasil viveu nos últimos quatro anos "essas tormentas sem precedentes, especialmente na área sanitária, ainda tendo que conviver com `fake news`, com discursos de ódio, com destruição ao meio ambiente, com negacionismo de todas as espécies, de toda a forma, negando-se inclusive vacina, consequentemente negando vida", prosseguiu.

"A verdade é que diante dessa tormenta sanitária se agravou em muito a crise económica e não foi apenas por conta da covid-19. Resultado? 125 milhões de brasileiros vivendo hoje com algum tipo de insegurança alimentar, 33 milhões na mais absoluta pobreza", enumerou, referindo a seguir os cinco milhões de brasileiros que não procuram emprego "porque simplesmente não têm esperança de o encontrar".

"Mas seguida a tormenta veio a calmaria. O processo eleitoral trouxe de volta ao Brasil um democrata e antes, vivendo na barbárie, hoje nós vivemos na mais absoluta e plena democracia", vincou.

"Eu quero dizer aqui em alto e bom som, e publicamente para Portugal, para a Europa e para o mundo: Não faremos isso sozinhos. Precisamos reconetar-nos com o mundo, precisamos de Portugal, precisamos da Europa, como precisamos da América Latina. Estou falando especialmente não só do Mercosul, mas também da relação do Mercosul com a comunidade europeia", defendeu.

Daí que importa agora "arrumar a casa do ponto de vista fiscal, com emergência para se fazer o social", para que o país garanta as condições que "o mundo precisa para ter conforto de vir investir no Brasil", acrescentou.

Tebet disse ainda que o novo Governo brasileiro está a "oferecer ao mundo, aos parceiros não só públicos, mas também privados, segurança jurídica, previsibilidade, transparência e agilidade".

"Precisamos de gastar bem o pouco recurso que temos, o cobertor público. Ele é curto, não temos condições de atender todas as demandas, mas administrar também é escolher prioridade. E é isso que faremos sobre a determinação do programa de Governo do Presidente Lula, colocar não só o pobre no orçamento, mas a primeira infância, especialmente através da educação, colocar o jovem, colocar o idoso", salientou, considerando que "pior do que não gastar é gastar mal".

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