Situação portuguesa sem comparação com a grega

A situação das Finanças Públicas portuguesa e grega não tem qualquer comparação. A conclusão é do Presidente da República que considerou hoje "infeliz e incorrecto" o paralelismo sugerido pela Comissão Europeia. Cavaco Silva entende que nesta altura "o mais importante" para o país é a aprovação do Orçamento do Estado.

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O Presidente da República chamou hoje a atenção para as palavras infelizes e incorrectas de Joaquin Almunia Paulo Novais, Lusa

No primeiro dia do segundo Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras, o Chefe de Estado voltou a falar da situação económica do país para criticar a Comissão Europeia pela comparação feita com a Grécia.

Em Castelo Branco, Aníbal Cavaco Silva, à margem de mais uma visita incluída no Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras afirmou que "o mais importante" no momento em que o país está sob escrutínio dos mercados internacionais é a aprovação do Orçamento do Estado.

"Peço aos analistas externos que analisem com imparcialidade e com rigor os indicadores relativos a Portugal e concluirão, sem fazer qualquer esforço, que não há qualquer comparação entre Portugal e a Grécia", numa alusão directa à apreciação feita pelo comissário europeu Joaquin Almunia.

"Eu confio que os analistas externos que olham para Portugal e a própria Comissão - que fez através de um seu Comissário uma declaração que eu considero infeliz e incorrecta - espero que rapidamente corrijam essa apreciação em relação a Portugal. Porque não é só uma questão de injustiça, é uma questão de incorrecção e eu posso afirmar isso correctamente", frisou.

Cavaco Silva foi mesmo ao detalhe e utilizando os seus conhecimentos de professor de economia não teve dúvidas sobre os indicadores de Portugal e da Grécia.

"Eu conheço bem os indicadores de Portugal e os da Grécia. Portugal tem uma dívida pública muito menor do que a grega, o nosso défice público é muito inferior, Portugal foi sempre um país cumpridor das suas obrigações em relação às entidades externas, em Portugal existe um consenso político alargado de que é preciso enfrentar os problemas", explicou.

Tomando as palavras de Joaquin Almunia, quando este comparou os dados de Portugal e da Grécia, o Presidente da República enviou um recado ao Comissário Europeu.

"Eu, que sou professor de economia, posso dizer aos observadores externos que eles estão errados na análise que estão a fazer da situação portuguesa e eu espero que possam corrigir, que olhem para os indicadores portugueses, que os comparem com os outros países e chegarão, como eu chego, à conclusão de que a sustentabilidade das finanças públicas portuguesas, tal como a sustentabilidade das nossas responsabilidades externas é bem mais forte que a sustentabilidade de outros países", sublinhou.

Lei das Finanças RegionaisO Presidente da República teve ainda oportunidade de fazer referência ao assunto do momento, ou seja, à votação da Assembleia da República das alterações à Lei das Finanças Regionais.

Escudando comentar as declarações de ontem do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, o Chefe de Estado considerou apenas "normal em democracia" que "os ministros às vezes não gostem de certas leis que são aprovadas no Parlamento".

"A Assembleia da República é o centro por excelência da democracia, os deputados são os representantes do povo. Sempre acontecerem casos em que os ministros não gostam das leis aprovadas na Assembleia. Eu recordo-me disso no meu tempo. É a democracia a funcionar. E eu respeito as regras da democracia", disse.

Para o chefe de Estado "é importante que todos façam contas com todo o rigor. Mas o assunto mais importante é a garantia da aprovação do Orçamento do Estado", são as contas do Estado que "merecem a atenção dos observadores externos" e "é isso em grande parte que vai levar à correcção da análise que têm vindo a fazer".

"Portugal está num caminho de estabilidade política, tenho vindo a fazer tudo e continuarei a fazê-lo para que ela se mantenha, ainda no outro dia o Conselho de Estado mandou uma mensagem que considero muito correcta a todos os agentes políticos. A vida em Portugal ao nível político desenvolve-se com aquela normalidade típica das democracias que às vezes são mais dinâmicas e outras vezes menos", comentou.

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