Economia
Subida da taxa de juro coloca os empréstimos mais caros
O orçamento de quem tem empréstimos vai ficar mais apertado. O BCE anunciou a segunda subida no ano: em julho a taxa de juro era de 0,5 por cento e agora sobe mais 0,75%, registando-se o maior aumento da história do banco.
A crise energética e os desequilíbrios na cadeia de abastecimento global desencadeada pela guerra na Ucrânia, os preços dispararam colocando a inflação a afetar a carteira das famílias.
A política monetária do Banco Central Europeu - BCE-, abandonou as taxas de juro baixas ou mesmo negativas que operavam desde 2016 e colocou em marcha a estratégia contrária de as subir para travar a inflação.
O BCE avança para a segunda subida do ano da taxa de juro. Em cima dos 0,5% são somados mais 0,75%, totalizando 1,25 por cento.
Se por um lado, os empréstimos ficam mais caros e o consumo diminuirá, por outro, quem tem poupanças, os depósitos ganharão rentabilidade.
Com isso, espera-se que haja efeitos positivos na economia: as expectativas de inflação futura serão reduzidas e a rentabilidade dos depósitos ganhará força.
As hipotecas
O primeiro efeito do aumento das taxas é o aumento do custo do financiamento, logo as hipotecas vão subir.
"Desde antes do verão, os bancos centrais mostraram a preocupação com a inflação, pois ela não parou. Por isso, o importante agora é o alerta da mensagem do banco central com uma taxa mais alta", sublinha o economista.
"A referência é a Euribor que começou a subir há muito tempo. O mesmo acontece com a dívida pública, que geralmente é medida pelo título soberano de 10 anos", acrescenta Torralba.
Por outro lado, as hipotecas de taxa fixa já contratadas estão isentas dessas flutuações. Estas têm um diferencial que não varia com o preço do dinheiro. No entanto, os novos contratos que se formalizem agora terão sugeitos a esses aumentos, uma vez que os bancos modificaram as ofertas devido à mudança na política monetária.
No crédito ao consumo, assim como no financiamento de empresas, o aumento das despesas financeiras também se refletirá. "As empresas vão acabar investindo menos porque as suas despesas financeiras aumentam. É a forma do banco central conter o consumo e reduzir a procura para, em última análise, reduzir a inflação", esclarece o economista.
Incumprimento e a ameaça de recessão
O rácio de incumprimento situou-se em 3,88% em junho, um dos níveis mais baixos desde 2008, segundo dados do Banco de Espanha, valores considerados muito distantes dos registados durante as recessões.
A desvalorização do euro em relação ao dólar foi outro fator que pressionou a instituição presidida por Christine Lagarde . O Fed dos EUA alterou-se de forma mais agressiva do que o BCE, fazendo com que o euro caísse em relação ao dólar . "O Banco Central Europeu só tem uma opção: acelerar o aumento da taxa", diz Torralba.
Até há alguns meses a taxa de câmbio tinha sido uma fonte de preocupação para o Eurobank porque tornava as exportações europeias mais caras. Agora, porém, a preocupação mantém-se mas ao contrário: os contratos de energia são fixados em dólares, logo a conta do gás ou do petróleo sobe.