Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sumolis esclarece que, através de um agrupamento a constituir com a Caixa Desenvolvimento, foi acordada a aquisição das duas sociedades.

A operação envolverá 426 milhões de euros "deduzido do montante da dívida remunerada líquida destas sociedades à data da transmissão de acções", refere a informação da Sumolis.

Num comunicado divulgado na quarta-feira à noite, a Sumolis - Companhia Industrial de Frutas e Bebidas anunciou o acordo para aquisição das duas empresas referindo que a sua participação na sociedade a constituir será de 20 por cento.

A Caixa Desenvolvimento ("veículos de investimento de private equity do grupo Caixa Geral de Depósitos") ficará com os restantes 80 por cento.

"A Sumolis e a Caixa Desenvolvimento SGPS, no âmbito desta operação, vão analisar as oportunidades de criação de valor procurando potenciar marcas fortes nos mercados internacionais, em particular na Península Ibérica, com claras vantagens para o consumidor e para a economia portuguesa", refere a empresa de bebidas.

A operação "será objecto de notificação à Autoridade da Concorrência", ou seja, o negócio vai aguardar a apreciação desta entidade para ser concretizado.

A Nutrinveste, holding do grupo Jorge de Mello para a área alimentar, anunciou também na quarta-feira à noite a assinatura do acordo para venda ao agrupamento constituído pela Caixa Desenvolvimento e pela Sumolis.

A Compal produz e comercializa sumos, néctares, refrigerantes, águas minerais gaseificadas, vegetais enlatados e derivados de tomate de marcas como Compal, Um Bongo ou Frize.

A Nutricafés actua no mercado nacional dos cafés com as marcas Chave D`Ouro e Nicola.

Depois de um período de forte crescimento orgânico e de consolidação de aquisições, a Compal tem registado uma crescente afirmação internacional, nomeadamente no mercado espanhol.

Após a concretização da operação de venda da Compal e da Nutricafés, a Nutrinveste fica com a Sovena Portugal, Sovena Ibérica, a Simão e Cª, East Coast Olive e Tagol, apresentando marcas como Fula (óleo) ou Oliveira da Serra (azeite).

No ano passado, a Compal atingiu um lucro 10,8 milhões de euros, contra 6,7 milhões em 2003, o que traduz um crescimento homólogo de 61 por cento, enquanto as vendas subiram 15,4 por cento, atingindo 157,8 milhões de euros.

O mercado externo contribuiu com 13,6 por cento para a facturação total da empresa.

Em Espanha, a principal aposta em termos de internacionalização da empresa de bebidas, as vendas alcançaram 8 milhões de euros, mais 14,3 por cento que em 2003.

Em Março, a Compal tinha anunciado estar a apostar na internacionalização em mercados tradicionais como Angola ou Espanha, mas também em novos países estando já na Estónia, Luxemburgo ou Marrocos.

Ao longo das últimas semanas a imprensa avançou com nomes de vários interessados na compra da Compal, incluindo o próprio presidente da comissão executiva, António Pires de Lima, que teria apresentado uma proposta do tipo Management Buy Out (MBO), juntamente com outro administrador da empresa, João Cotrim de Figueiredo.

Além desta, terão sido apresentadas mais cinco propostas de compra da Compal, nomeadamente pela Coca-Cola, pela escocesa Scottish & Castle (que detém a Central de cervejas), pela espanhola J. Garcia Carrión, pela Conserve Itália e pela 3i PLC, segundo os jornais.

A empresa ganhadora do processo juntamente com a Caixa Desenvolvimento, a Sumolis registou em 2004 um resultado líquido com interesses minoritários negativo em 2,3 milhões de euros, enquanto o volume de negócios descia um por cento, para 169 milhões de euros.

A Sumolis está presente no mercado das águas, bebidas desportivas, cervejas, concentrados, refrigerantes, sumos e néctares com marcas como Campilho, Água Castelo, Tagus, Sumol ou 7Up.