Sunac torna-se primeira promotora chinesa a resolver dívida interna e externa

A promotora imobiliária chinesa Sunac anunciou acordos que a tornam na primeira empresa do setor a concluir a reestruturação tanto da sua dívida interna (`onshore`) como externa (`offshore`), informou hoje a imprensa local.

Lusa /
Florence Lo - Reuters

A empresa, que chegou a ser uma das maiores da China antes da crise do setor, indicou esta semana ter fechado a reestruturação de cerca de 9.600 milhões de dólares (8.200 milhões de euros) em dívida externa, através da emissão de obrigações convertíveis para credores e da amortização de um empréstimo concedido pelo Chiyu Banking.

As obrigações convertíveis podem ser trocadas por ações da própria empresa emissora.

A operação permitirá à empresa encerrar oficialmente o processo de reestruturação da dívida `offshore` a 23 de dezembro e, segundo o comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, contribuirá para restaurar a solvência e apoiar os negócios a longo prazo.

Um especialista citado pelo portal económico Yicai afirmou que os acordos vão permitir poupanças significativas em juros e facilitar a sustentabilidade das operações, mas alertou que a viabilidade da promotora continua dependente da recuperação do mercado imobiliário. Até novembro, as vendas da Sunac caíram 25%, em termos homólogos.

Em janeiro, a empresa já se tinha tornado na primeira promotora chinesa a concluir com êxito a reestruturação da sua dívida interna, com o apoio dos detentores de uma dezena de obrigações no valor total de cerca de 2.100 milhões de dólares (1.800 milhões de euros).

Sunac também foi pioneira ao obter, em outubro de 2023, a aprovação da Justiça de Hong Kong para o seu plano de reestruturação de 10.200 milhões de dólares (8.700 milhões de euros) em dívida `offshore`.

A agência de notação financeira S&P afirmou então que a promotora poderia servir de exemplo para outras empresas do setor em dificuldades, destacando o recurso a instrumentos como permutas de dívida, e não apenas ao prolongamento de prazos.

Apesar disso, as ações da Sunac acumulam uma queda superior a 42% desde o início do ano, refletindo o agravamento da crise imobiliária na China nas últimas semanas.

O caso da Sunac contrasta com o da China Vanke, outrora a maior promotora do país, que enfrenta agora o risco de incumprimento se não obtiver, até segunda-feira, o apoio dos credores para prorrogar o pagamento de uma obrigação.

A crise no setor foi desencadeada pelas restrições ao crédito impostas por Pequim em 2020 às promotoras altamente endividadas, como a Evergrande, que acumulava passivos de quase 330 mil milhões de dólares (280 mil milhões de euros).

Em resposta, o Governo chinês lançou medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem linhas de crédito multimilionárias para diversas empresas, dando prioridade à conclusão de projetos vendidos na planta, num esforço para garantir a estabilidade social.

Ainda assim, o mercado continua em retração: as vendas comerciais, medidas pela área de solo vendido, caíram 24,3% em 2022, 8,5% em 2023 e 12,9% em 2024.


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