Syrah retira `força maior` e retoma exportação de grafite de mina moçambicana
A mina moçambicana de Balama retomou a exportação de grafite natural, destinado a baterias de carros elétricos, após seis meses de paragem provocada pela agitação social, anunciou hoje a australiana Syrah, que retirou a cláusula de `força maior`.
"Com o retomar das operações normais da Balama e da logística de suporte ao transporte de produtos e carregamento de remessas, a subsidiária moçambicana da empresa, a Twigg Exploration and Mining notificou o Governo moçambicano de que removeu a declaração de força maior prevista no Contrato de Mineração", lê-se numa informação aos mercados da Syrah, que detém aquela concessão.
Na mesma informação, a mineradora anuncia "o início do carregamento de um grande volume de carga fracionada no porto de Pemba", após o reinício da produção na operação de grafite de Balama, norte de Moçambique, no mês passado.
"O carregamento de 10 mil toneladas de grafite natural fino da Syrah deverá estar concluído esta semana, e o embarque seguirá para um destino fora do mercado chinês", lê-se na informação, que sublinha tratar-se de "um marco importante", após o restabelecimento do acesso à mina em 05 de maio, o reinício da produção de grafite natural a 19 de junho "e o subsequente reabastecimento e transporte do produto de Balama para os portos de Pemba e Nacala".
A mineradora anunciou em 12 de dezembro, igualmente numa informação aos mercados, que invocou `força maior` pelo agravamento das manifestações e contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro de 2024 - que provocaram cerca de 400 mortos, além de destruição de equipamentos públicos e privados, essencialmente até março -, que condicionavam a atividade na mina de grafite em Balama.
O termo `força maior` é um conceito jurídico que se refere a eventos externos, imprevisíveis e inevitáveis, que impedem o cumprimento de obrigações contratuais.
Na origem da suspensão da atividade, explicou a empresa anteriormente, estavam os protestos junto à mina, que condicionaram até então a atividade, e que "foram terminados, e o acesso ao local recuperado", após a intervenção das autoridades moçambicanas, que retiraram os últimos "manifestantes ilegais".
"Após um acordo formal firmado entre agricultores, autoridades do Governo de Moçambique e a empresa, a maioria dos manifestantes interrompeu os protestos em Balama em abril de 2025. Um pequeno grupo de pessoas continuou a bloquear o acesso ao local sem motivo legítimo, nem reclamação contra a Syrah", relatou anteriormente.
Segundo a Syrah, a contestação inicial envolveu um "pequeno grupo" de agricultores locais, com "queixas históricas de reassentamento de terras agrícolas" por resolver.
A firma australiana está a construir a Vidalia, nos Estados Unidos da América, uma fábrica de material para baterias de carros elétricos, que será alimentada com minério moçambicano.
Globalmente, a produção de grafite em Moçambique, para baterias de carros elétricos, recuou 64% em 2024, para 34.899 toneladas, um dos registos mais baixos dos últimos anos, segundo dados do Governo noticiados pela Lusa em fevereiro.