TAP. Interesse de Neeleman não era ser parceiro estratégico, diz Pedro Marques

por Lusa

O ex-ministro Pedro Marques disse hoje acreditar que David Neeleman "não estava para ser parceiro estratégico" na TAP, porque para tal tinha de querer ficar na companhia, mas estaria "mais orientado" para vender a sua participação.

O ex-ministro das Infraestruturas respondia a questões do PSD na comissão de inquérito à TAP, onde foi ouvido ao longo de quase seis horas, que começou por perguntar se considerava David Neeleman um empresário experiente, a que Pedro Marques respondeu afirmativamente, e depois se ele tinha sido uma excelente escolha do Governo PSD/CDS-PP para parceiro estratégico na privatização da companhia aérea, em 2015.

"O senhor Neeleman para poder ser classificado como bom parceiro estratégico tinha de querer ficar na TAP de forma perene, [...] dá-me ideia que o senhor Neeleman não estava para ser parceiro estratégico", respondeu o ex-governante, acrescentando que o empresário estaria "mais orientado" para vender a sua participação na companhia aérea, através de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla inglesa).

Relativamente à conclusão do processo de privatização já depois da queda do Governo PSD/CDS-PP, com um conjunto de documentos que constituíam obrigações legais para o Estado, assinados em 12 de novembro de 2015, Pedro Marques considerou que, "com mais tempo", seria possível fazer outro tipo de negociação com os bancos.

"Com mais tempo, conseguia-se proteger o interesse público, do meu ponto de vista", considerou.

Já questionado sobre a negociação para reconfiguração acionista, com a Atlantic Gateway, que tinha adquirido 61% do capital da TAP, Pedro Marques confirmou que a primeira abordagem do Governo PS foi muito mal recebida - como tinha já adiantado o ex-administrador Diogo Lacerda Machado, também na comissão de inquérito - mas em reuniões posteriores os privados "foram anuindo à possibilidade de negociar".

Sobre os serviços de consultoria prestados por Lacerda Machado nas negociações com os privados, para reverter a privatização, Pedro Marques negou ter sofrido qualquer "pressão política", mas admitiu que o nome foi sugerido pelo primeiro-ministro, António Costa, de quem o ex-administrador é amigo.

Questionado sobre a legalidade de ter um consultor sem contrato e sem acordo de confidencialidade, questão levantada pelo deputado do Chega André Ventura, disse ter a convicção de que "toda a atuação foi legal", não se recordando de qualquer acordo de confidencialidade ou de documentos classificados como confidenciais.

O deputado do PSD Paulo Moniz insistiu na eventual pressão de António Costa para a escolha de Lacerda Machado, tendo Pedro Marques garantido que, se entendesse não ser a pessoa adequada, teria dito que não ao primeiro-ministro.

Por fim, quanto ao contrato de consultoria prestado pelo ex-presidente executivo da TAP Fernando Pinto, no valor de 1,6 milhões de euros por dois anos, o ex-ministro disse não ter tomado qualquer decisão sobre este ou outro qualquer contrato do género na companhia aérea.

"A tutela política, pelo menos como eu a exerci, não controlava a celebração de contratos com consultores da empresa", sublinhou, em resposta ao deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira, sugerindo-lhe que faça as mesmas perguntas à TAP.

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