Têxtil português elege Japão como mercado "estratégico e de valor acrescentado"
Uma comitiva de 12 empresas têxteis portuguesas participa até sexta-feira numa feira em Tóquio, no Japão, apontado "cada vez mais" como um mercado "estratégico e de valor acrescentado" para as exportações nacionais do setor.
"Conhecidos pela sua atenção ao detalhe, os clientes nipónicos veem na etiqueta `Made in Portugal` um sinónimo de qualidade, confiança e inovação" e "a distância geográfica torna-se cada vez mais irrelevante para as relações entre a indústria têxtil portuguesa e os compradores japoneses", sustenta a Selectiva Moda, entidade constituída pela ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e pela Associação Nacional da Indústria de Lanifícios para valorizar a fileira têxtil e moda portuguesa num contexto internacional.
Segundo dados avançados por esta entidade à agência Lusa, desde 2008 as exportações da indústria têxtil e vestuário portuguesa para o Japão quase duplicaram, passando de 8,1 milhões de euros nesse ano para 15,0 milhões de euros em 2018.
No primeiro semestre de 2019, as vendas do setor para o Japão somavam já 9,2 milhões de euros, mais 2,4 milhões de euros do que no mesmo período do ano passado.
"Ao longo dos últimos anos tem-se construído uma espécie de `match` [combinação] perfeito entre os dois lados do mercado: ao elevado grau de exigência dos clientes nipónicos, as empresas portuguesas respondem com a constante apresentação de novidades e com uma aposta clara em produtos de elevada qualidade", considera.
Para a construção de uma relação de confiança, "muito valorizada no mercado japonês, onde a estabilidade é um valor fundamental", a Selectiva Moda diz ter vindo a contribuir a presença de comitivas portuguesas em feiras japonesas, sendo esse o objetivo da participação nacional em curso desde terça até sexta-feira na Jitac European Textile Fair, em Tóquio.
"Na feira japonesa os expositores portugueses vão poder contactar com milhares de compradores locais, consolidando os laços comerciais já existentes", destaca.
Albano Morgado, Burel Factory, Eurobotonia, Fitecom, Lemar, Otojal, Texser e Troficolor compõem a comitiva "From Portugal" que participa na feira e à qual se junta ainda a presença das empresas Adalberto, Paulo de Oliveira, Riopele e Tessimax.
"O mercado japonês é um mercado onde existem marcas de grande notoriedade e prestígio", considera a diretora de exportações da Troficolor, Ana Magalhães, citada num comunicado da Selectiva Moda.
A empresa têxtil da Trofa, especializada sobretudo no setor do `denim`, diz ter vindo a encontrar no Japão clientes sensíveis à sua aposta em novos desenvolvimentos e em alternativas mais sustentáveis.
"Esta feira permite a consolidação e aproximação de um mercado onde já temos um histórico e que se enquadra na nossa estratégia", afirma Ana Magalhães.
Para o diretor de exportações da Fitecom, "o facto de uma empresa ser bem-sucedida no Japão é, por si só, sinónimo de alta qualidade em todas as suas vertentes".
Especializada em lãs, a Fitecom apresenta esta semana em Tóquio uma nova coleção outono/inverno, composta por tecidos de lã virgem e várias misturas, com destaque para as soluções com um conceito ecológico e sustentável", adianta Nuno Neves.
O projeto "From Portugal" é cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, tendo um montante de apoio elegível de quase 12,6 milhões de euros, dos quais 6,9 milhões de euros são provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Globalmente, as exportações portuguesas de têxteis e vestuário somaram 3.569 milhões de euros nos primeiros oito meses deste ano, o que representa uma quebra de 1,1% face ao mesmo período de 2018.