"Turistas não vêm para os territórios visitar florestas de vidro". Presidente do Turismo do Alentejo pede soluções que não comprometam a sustentabilidade ambiental

por Antena 1

O presidente da Região do Turismo do Alentejo recusa que a região seja sacrificada e obrigada a pagar a fatura do cumprimento das metas da transição energética, com a criação de data centers e megaprojetos de energias renováveis.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, lembra que "os turistas não vêm para os territórios visitar florestas de vidro" e apela ao Estado para ter um discurso coerente e trabalhar com os promotores dos investimentos na procura das melhores soluções que não comprometam a sustentabilidade ambiental.
José Santos diz que a ERT do Alentejo e Ribatejo não está, por princípio, contra a instalação de painéis solares, mas o que não aceita é a instalação de mega centrais fotovoltaicas em zonas de proteção ambiental que afetem a competitividade turística do território.
É o caso do complexo fotovoltaico do Sado para onde estão previstos 1 milhão de painéis e 180 contentores para baterias que espera seja "chumbado". Lembra que "o Estado tem de ser coerente com aquilo que andou a dizer ao longo dos anos, sobretudo às pessoas que investiram no turismo".
No mesmo sentido, José Santos questiona a prospeção da Mina da Lagoa Salgada. Diz que não tem uma "atitude diabolizante" até porque há projetos de minas no Alentejo que funcionam bem, mas adianta que tem dúvidas sobre a relevância e estratégia de um projeto que vai estar apenas 11 anos no terreno.
O presidente da Região de Turismo do Algarve vai apresentar ao Governo um plano para o Litoral Alentejano e propor a criação de uma estrutura de missão que pense o desenvolvimento do litoral de uma forma integrada, acautelando aspetos como a mobilidade, a habitação e até a saúde.
Estima que nos próximos cinco anos o litoral alentejano tenha mais de cinco mil novas unidades de alojamento, sendo que só os concelhos de Grândola e Alcácer do Sal deverão disponibilizar mais 20 mil camas.
Sobre o resultado do estudo que a ministra do Ambiente vai apresentar na próxima semana à fiscalização dos acessos às praias entre Tróia e Melides, José Santos considera-o muito oportuno, mas diz que sobretudo é preciso pensar em abrir novas concessões de praia para que haja regras de acesso e utilização.
Relativamente ao caso concreto do chumbo do tribunal à pretensão do condomínio Casas da Encosta de fechar o acesso à praia, reconhece que a situação do ponto de vista turístico lhe agradou.
Em termos gerais, José Santos antecipa "um bom verão" para o turismo do Alentejo e lembra que apesar das altas temperaturas e do receio do que essas mensagens podem provocar, o Alentejo tem experiências turísticas que podem ser feitas sem que esse seja um problema.
No cômputo do ano, o presidente da ERT Alentejo e Ribatejo acredita num crescimento de cinco por cento.
Para manter esta meta lembra como será importante dar continuidade à alta velocidade ferroviária para Espanha, ao melhor aproveitamento do aeroporto de Beja e eliminar ou reduzir as portagens

José Santos adiantou à Antena1 e ao Jornal de Negócios que vai ser criada uma comissão para apresentar ao Governo uma proposta de harmonização do pagamento de portagens que possa ser incluída no próximo orçamento.
Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Inês Pinto Miguel, do Jornal de Negócios. 
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