Utentes queixam-se de que transporte fluvial na região de Lisboa "vai de mal a pior"

por Lusa

Apressados para chegar a horas ao trabalho, os utentes do transporte fluvial na região de Lisboa, que embarcavam e desembarcavam hoje, pelas 09:30, na estação do Cais do Sodré, queixam-se de que "o serviço vai de mal a pior".

"O serviço que está a ser prestado é péssimo. Alguém tem que fazer alguma coisa com isto, ou seja, neste caso, o Governo, porque isto é ao Estado que pertence, não é uma entidade privada", afirmou à agência Lusa Sónia Madeira, que utiliza o barco diariamente nas deslocações de casa para o trabalho, através da travessia Cacilhas - Lisboa.

Segundo esta utente, a situação de degradação do transporte fluvial "arrasta-se há meses, de dia para dia está cada vez pior", com supressões "quase diariamente".

"As pessoas compram o passe, mas depois os serviços são péssimos. Não há barcos. A solução só passa por ter novos barcos, porque isto assim não dá. Isto é até acontecer uma desgraça aqui no rio [Tejo], seja com Seixal, seja com Cacilhas, seja com Montijo, ou seja, com todos os utentes que, diariamente, têm que usar este serviço, este mau serviço", alertou Sónia Madeira, reforçando que "o serviço vai de mal a pior".

A passo apressado, após desembarcar no Cais do Sodré vindo de Cacilhas, João Gaspar disse que o barco que costuma apanhar, diariamente, "que é o das 09h10, está sempre suprimido", o que faz com que chegue "um bocadinho mais tarde ao trabalho", situação que "há três ou quatro meses tem sido frequente".

"Deviam arranjar novos barcos ou arranjar os que têm, porque a desculpa que dão é a de que o barco das 09h10 está avariado e que não pode fazer a viagem", indicou o utente.

A correr para conseguir apanhar o barco para Cacilhas, onde trabalha, Beatriz Lourenço chega à estação do Cais do Sodré e depara-se com dois barcos suprimidos, o das 09h22 e o das 09h47, situação que diz ser "frequente".

Insatisfeita com o serviço prestado pela empresa Transtejo/Soflusa, esta utilizadora do transporte fluvial na região de Lisboa critica as condições existentes, referindo que "está tudo danificado", o que afeta, também, a segurança dos utentes.

De segunda a sexta-feira, Maria Viegas é uma das utentes da travessia Montijo - Lisboa, que utiliza para se deslocar até ao emprego. Relata à Lusa que o serviço é "mau", porque "está, constantemente, com avarias", pelo que "há necessidade de novos barcos".

"As pessoas vão, por exemplo, apanhar o barco das seis (da tarde) e depois só há às seis e meia. Acaba por ser um bocado perturbador para as pessoas. Eu falo por mim, que tenho os miúdos para ir buscar à escola, ao ATL, que fecha às sete, se eu não tiver lá, tenho que pagar mais por isso", contou a utilizadora, manifestando-se "muito insatisfeita" com o serviço de transporte fluvial.

Com experiências de "uma hora à espera" de um barco para Lisboa, Maria Viegas reclamou que "a entidade patronal também não está constantemente a aceitar esta situação".

Do Seixal, Maria Manuel, que utiliza o barco há 30 anos, caracterizou como "degradante" o transporte fluvial na região de Lisboa, defendendo que "os serviços não têm vindo a melhorar, estão um caos, não há condições", e os casos de supressão de travessias "já vêm há muitos anos".

"Tivemos algumas expectativas que com este Governo as coisas iriam melhorar, mas defraudaram-nos as expectativas. O que é um facto é que continua tudo, até vou lhe dizer mais, pior do que na `troika`, porque na `troika` não existia isto, (...) não é só uma questão de falta de barcos, também é uma questão, por vezes, de recursos humanos", quando há férias de trabalhadores, e "situações pontuais que não têm combustível".

Na terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que o concurso para aquisição de dez novos navios para reforçar a frota da Transtejo e Soflusa, empresas que garantem a travessia do Rio Tejo, "será aberto em janeiro", revelando que "já foram investidos 18 milhões de euros para fazer a reparação integral de todos os navios, porque todos eles precisavam, em maior ou menor dimensão".

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