O órgão regulador decidiu na quarta-feira suspender as últimas oito rotas operadas pela Vasp após constatar, por meio de uma auditoria, que a empresa não tem condições financeiras e operacionais de manter as linhas aéreas.

A punição, comunicada à Aeronáutica e ao Ministério da Defesa, aos quais o DAC está subordinado, não significa, entretanto, que a companhia perdeu a concessão de transporte aéreo.

A Vasp tem até Abril, altura em que vence sua licença para realizar voos regulares, para provar que está apta a operar as rotas.

A companhia poderá também solicitar uma licença para operar voos fretados.

De acordo com o director geral do DAC, brigadeiro Jorge Godinho, outras empresas aéreas já manifestaram interesse em operar as linhas da Vasp.

Jorge Godinho afirmou que a maior dificuldade da Vasp é a falta de fluxo de caixa para realizar operações básicas, como o pagamento de combustível, das suas tarifas e das suas dívidas.

Em Dezembro do ano passado, a empresa já havia perdido três rotas (São Paulo-Foz do Iguaçu; Rio de Janeiro-Foz do Iguaçu; e Rio-Brasília- São Luiz-Teresina).

Desde o último final de semana, a Vasp estava a cancelar voos com menos de 50 por cento de ocupação e, apesar de ter recebido na segunda- feira uma notificação de infracção por parte do DAC, a companhia continuou a suspender os voos.

De acordo com o órgão regulador, as empresas que operam com linhas regulares só estão autorizadas a cancelar voos por problemas na aeronave ou nos aeroportos.

Os passageiros que compraram bilhetes da Vasp estão a tentar que outras concessionárias endossem a passagem.

A Vasp informou, através da sua assessoria de imprensa, que não vai pronunciar-se sobre a decisão do DAC.

Noutra nota, sobre a paralisação dos pilotos, a empresa pediu aos funcionários que ajudem a sensibilizar o governo sobre a continuidade de suas operações.

Os funcionários da Vasp decidiram na quarta-feira entrar em greve a partir de hoje.

Actualmente, a empresa tem menos de um por cento de participação no mercado brasileiro de aviação e uma dívida que ultrapassa 600 milhões de euros.

A direcção da Vasp alega que a companhia pode ser salva se o governo pagar pelas perdas sofridas entre 1985 e 1992, quando as autoridades decidiram congelar os preços das passagens aéreas.

A Varig, maior companhia aérea do Brasil, que também atravessa uma grave crise financeira, deverá receber do governo uma verba de 740 milhões de dólares (560 milhões de euros) por compensações pelo congelamento do valor dos bilhetes aéreos.

No Brasil, apenas as companhias aéreas TAM e GOL são rentáveis.