Venda de `street food` cresce em Portugal e dinamiza economias locais
Lisboa, 18 ago (Lusa) -- A venda ambulante de `street food` (comida de rua) é hoje um negócio em crescimento um pouco por todo o país, reunindo vários empresários na organização de festivais que, segundo a associação nacional do setor, dinamizam as economias locais.
"No último ano, passamos de 20 ou 30 conceitos de negócio de `street food` que existiam em Portugal para cerca de 120 a 130 que já existem neste momento", disse à agência Lusa o vice-presidente da Associação de Street Food Portugal (ASFP), José Borralho, que ocupa também o cargo de presidente da APTECE -- Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia.
O primeiro festival de `street food` em Portugal aconteceu em abril deste ano, no Estoril, concelho de Cascais, onde estiveram reunidos, durante uma semana, perto de 50 empresários deste ramo, acolhendo mais de 100 mil pessoas, o que resultou numa faturação total de "cerca de 350 mil euros", revelou o responsável.
Depois do evento, "uma grande parte dos municípios portugueses interessaram-se" por acolher este tipo de iniciativas, pelo que já se realizaram festivais de comida de rua em Oeiras, Portimão e Ericeira (Mafra), prevendo-se a organização de mais seis festivais até ao final de outubro.
"Quando devidamente organizado, o `street food` contribui também para uma dinâmica de comércio local", frisou José Borralho.
As tradicionais rulotes de comida têm vindo a reinventar-se com alguma criatividade na apresentação estética dos veículos, assim como na forma -- agora mais sofisticada - de servir os produtos, desde os típicos cachorros quentes e hambúrgueres aos produtos vegetarianos ou biológicos, doces tradicionais ou vinhos portugueses.
"Nos últimos anos, há uma nova geração de chefes que decidiu também vir para a rua com uma forma mais criativa de mostrar a sua cozinha", admitiu o responsável da ASFP, defendendo que não se trata de uma comida necessariamente `fast food`.
Segundo José Borralho, existe a preocupação de confecionar com ingredientes locais, primando por um produto saboroso e atrativo, que tem resultado numa "oferta gastronómica bastante interessante".
O `street food` é essencialmente um conceito de família, afirmou o vice-presidente da ASFP, considerando ainda que "o consumidor hoje é muito mais móvel", pelo que estes negócios funcionam "em zonas turísticas ou nos grandes centros urbanos, com uma população mais jovem e mais aberta a estas tendências".
Para além da diversidade de produtos que é possível encontrar nos festivais de `street food`, a organização aposta numa componente de animação com bandas, dj ou `showcookings`.
O verão é a época alta para os empresários de comida de rua, porém, "começa a haver uma interpretação de que o `street food` é a nova galinha dos ovos de ouro", alertou o responsável da ASFP, referindo-se aos responsáveis de festivais de música e outro tipo de eventos que "tentam pedir valores pornográficos de aluguer de espaço".
Atualmente, o mercado do `street food` vale "cerca de 2,5 milhões de euros a nível nacional", reforçou José Borralho, apontando para um possível crescimento na ordem dos 20%, pois "ainda não está devidamente potenciado".
De acordo com o vice-presidente da ASFP, o principal entrave ao negócio é "a legislação antiquada que existe em termos da venda ambulante", pelo que é necessário sensibilizar os autarcas para autorizarem o licenciamento de espaços para negócios deste género.