Wall Street cai com números do emprego e Trump despede dirigente da estatística

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em forte baixa, com os investidores particularmente preocupados com os números do emprego, em contexto de agravamento das taxas alfandegárias aplicadas pelos EUA às suas importações.

Lusa /

Os resultados da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 1,23%, o tecnológico Nasdaq caiu 2,24% e o alargado S&P500 recuou 1,60%.

"Os investidores começam a inquietar-se com o facto de a economia (dos EUA) estar a enfraquecer mais depressa do que se pensava", comentou Sam Stovall, da CFRA, em declarações à AFP.

Em causa, a degradação do mercado de trabalho em julho, com o agravamento da taxa de desemprego, de 4,1% em junho para 4,2%

As estatísticas indicaram ainda que em julho a criação de emprego foi de 73 mil postos de trabalho e reviram em forte baixa a informação relativa a maio e junho, que ficou em níveis desconhecidos desde a pandemia do novo coronavirus.

De imediato, Donald Trump ordenou a demissão de Erika McEntarfer, diretora do Gabinete de Estatísticas Laborais, alegando que esta, nomeada por Joe Biden, tinha manipulado os números por razões políticas, mas sem avançar provas.

"Ordenei à minha EQUIPA que despeça esta nomeada Política de Biden, IMEDIATAMENTE. Ela deve ser substituída por alguém muito mais competente e qualificada", escreveu na sua rede social.   

Mais tarde, desenvolveu, também na sua rede social: "Na minha opinião, os números do emprego de hoje foram MANIPULADOS para dar uma má imagem dos Republicanos e de MIM PRÓPRIO".

Segundo Patrick O`Hare, da Briefing.com, "os investidores pensam que a Fed (o banco central, Reserva Federal) deverá baixar a sua taxa de juro de referência" na sua próxima reunião, em setembro.

"Os acontecimentos sucedem-se e provocam uma correção rápida", realçou Stovall.

Entretanto, Trump assinou na quinta-feira o decreto de aplicação das taxas alfandegárias agravadas, no qual concedeu mais uns dias de adiamento, mas que não excedem 07 de agosto.

A União Europeia, o Japão ou a Coreia do Sul vão ter os seus produtos taxados em 15% e o Reino Unido em 10%, valores que sobem para 30% no caso da África do Sul e 39% da Suíça.

O Canadá vê estas taxas, não cobertas por um acordo anterior, aumentar para 35%%, enquanto o México obteve um adiamento de 90 dias e prosseguem as negociações com a China, mas com o fim da trégua marcado para 12 de agosto.

"A tempestade comerciai não acabou e esperam-nos outros desafios", comentou Sam Stovall.

Este conjunto de notícias eclipsou os resultados trimestrais de dois conglomerados tecnológicos, Apple e Amazon.

Aquele recuou 2,50%, apesar de resultados acima das expectativas no terceiro trimestre do seu exercício, dopados pelo iPhone.

O seu lucro subiu nove por cento homólogos, para 23,4 mil milhões de dólares.

Já a Amazon fechou em queda de 8,27%, devido em particular às previsões dececionantes que adiantou, apesar de uma subida de 35% do seu lucro para 18,2 mil milhões de dólares.

Tópicos
PUB