Wall Street fecha sem rumo mas com dois novos recordes à espera do índice de preços no consumidor
A bolsa nova-iorquina encerrou esta quarta-feira sem rumo definido, mas com dois novos recordes, na véspera da divulgação de um indicador sobre o comportamento dos preços, suscetível de dar pistas sobre a política monetária da Reserva Federal (Fed).
Os resultados da sessão indicam que o índice alargado S&P500 e tecnológico Nasdaq ficaram novos recordes, com valorizações respetivas de 0,30%, para 6.532,04 pontos, e 0,03%, para as 21.886,06 unidades.
Por sua vez, o seletivo Dow Jones Industrial Average recuou 0,48%.
"Os investidores fizeram hoje algumas vendas antes da publicação amanhã (quinta---feira) do IPC" (índice de preços no consumidor), comentou Peter Cardillo, analista da Spartan Capital Securities, em declarações à AFP.
Na quarta-feira, os investidores acabaram por pouco reagir ao anúncio de um recuo surpreendente do índice de preços na produção (IPP) nos EUA, que baixaram em agosto 0,1%, depois de terem aumentado 0,7% em julho.
"É uma boa notícia, mas este indicador só incide sobre um mês e não indica mudanças relevantes face à inflação, que permanece tenaz", disse Cardillo.
Em termos homólogos, o IPP baixou para 2,6%, mas excluindo índices voláteis, como energia e alimentação, sobe 2,8%.
A publicação do IPC na quinta-feira, antes da abertura da praça bolsista, vai ser mais "significativa", anteviu Jose Torres, analista da Interactive Brokers, porque vai afinar as expectativas dos investidores sobre a eventual baixa da taxa de juro de referência pela Fed.
Segundo o instrumento de acompanhamento e análise da Fed da CME, o FedWatch, a grande maioria dos operadores de mercado estimam que o banco central vai baixar a taxa de juro em um quarto de ponto percentual na sua próxima reunião, marcada para 16 e 17 setembro.
"Mas se o IPC for inferior às expectativas (...), isso pode abrir a via a uma descida de meio ponto percentual na próxima semana", admitiu Cardillo.
Entre as cotadas, a Oracle foi catapultada, com uma valorização de 36,07%, depois de ter anunciado que o volume de negócios da sua área `cloud` (informática desmaterializada) deveria atingir 144 mil milhões de dólares até 2030, a beneficiar do entusiasmo pela inteligência artificial (IA).
Quando divulgou os seus resultados trimestrais, na terça-feira, o grupo antecipou um crescimento de 77% da faturação da Oracle Cloud Infrastructure, "para atingir os 18 mil milhões de dólares neste ano fiscal".
E o Wall Street Journal noticiou que o grupo iria assinar um contrato de cerca de 300 mil milhões de dólares com a OpenAI, um dos líderes da IA generativa.
Um dos resultados da acentuada valorização da Oracle foi a mudança de estatuto do seu cofundador, presidente e diretor de tecnologia, Larry Ellison, de 81 anos, que se tornou a pessoa mais rica do mundo, segundo o Índice de Multimilionários, construído pela Bloomberg.
A fortuna de Ellison, de 81 anos, teve um crescimento súbito de 101 mil milhões de dólares, o que a elevou para 393 mil milhões de dólares, superando a de Elon Musk, de 54 anos, quantificada em 385 mil milhões, que liderou a lista da Bloomberg durante quase um ano.