Emmanuel Macron, a novidade política que avança rumo ao Eliseu

por Christopher Marques - RTP
Reuters

Chega de fora do quadro partidário, mas foi já ministro de François Hollande. Aos 39 anos, Emmanuel Macron apurou-se para a segunda volta e encontra-se bem colocado para ser o mais jovem Presidente francês de sempre. É o mais europeísta dos candidatos, ostenta uma visão liberal da economia e tenta fugir à dicotomia esquerda – direita.

Apresenta-se como independente e criou o seu próprio movimento para se lançar na corrida presidencial. Emmanuel Macron é um candidato associado a duas ideias aparentemente contraditórias: agita a bandeira da renovação, porque não está associado a nenhum partido, mas é também o candidato que transporta o balanço da governação socialista dos últimos cinco anos.

Afinal, Macron foi conselheiro para os assuntos económicos de François Hollande, antes de assumir a liderança do Ministério da Economia. Macron recebeu mesmo recentemente o apoio de Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, apesar de não ser o candidato oficial do Partido Socialista.

A carreira de Macron começa na Função Pública francesa, depois de ter sido formado na Escola Nacional de Administração. Participa numa comissão criada em 2008 por Nicolas Sarkozy para promover o crescimento económico em França. Deixa depois a Função Pública e passa a integrar os quadros do banco de investimento Rothschild.

Regressa ao Estado francês em 2012, já com François Hollande no poder. Passa a ser o secretário-geral adjunto do Eliseu, ocupando um lugar de destaque como conselheiro do Presidente francês. Abandona o Eliseu em junho de 2014, mas não ficaria longe do poder por muito tempo.

Emmanuel Macron é nomeado ministro da Economia em agosto de 2014. Sucede a Arnaud Montebourg no cargo, numa remodelação governamental que se apresenta como um marco na viragem à direita de François Hollande.


Na passagem pelo Ministério da Economia, Macron é o responsável por uma vasta proposta de liberalização da economia. Vulgarmente chamada de lei Macron, aumenta o número de domingos em que os comércios podem abrir. Avança ainda com a liberalização das linhas de autocarro interurbanas e altera a legislação sobre o despedimento coletivo.

A reforma merece críticas no seio do próprio Partido Socialista. Com receio de ver a lei chumbada pela sua própria maioria, o Governo recorre ao artigo 49.3 da Constituição francesa, aprovando a lei sem votação no Parlamento.

Macron ainda era ministro quando, em abril de 2016, cria o movimento político Em Marcha!. As dúvidas de uma eventual candidatura presidencial surgem fortemente e reforçam-se ao longo dos meses. Em agosto, anuncia a saída do Executivo. Em novembro, formaliza a candidatura ao Eliseu. Torna-se favorito com a derrota de Manuel Valls nas primárias socialistas e o escândalo dos empregos fictícios de François Fillon.

Candidata-se às eleições presidenciais sem nunca ter sido antes candidato a qualquer eleição. Se vencer, será, aos 39 anos, o mais jovem Presidente da República francesa, batendo o recorde do primeiro Presidente da República Francesa: Luís Napoleão Bonaparte (1842-1852).
O que promete Macron?
Emmanuel Macron tenta fugir à dicotomia entre esquerda e direita e apresenta-se como o mais europeísta dos candidatos presidenciais. Foi ministro do Governo socialista mas ostenta uma visão liberal da economia.

O candidato do Em Marcha! pretende avançar com um plano de investimentos públicos de 50 mil milhões de euros, reduzir a taxa de imposto sobre as empresas e o peso das contribuições sociais. Pretende ainda avançar com a redução do número de funcionários públicos: menos 120 mil até 2022. Quer manter o modelo das 35 horas semanais mas dar mais espaço à negociação no seio das empresas.

Macron quer avançar com a construção de mais 15 mil lugares nas cadeias francesas, aumentar os efetivos policiais e o investimento em defesa. Quer alargar ainda o acesso à Procriação Médica Assistida aos casais homossexuais e às mulheres solteiras. Macron quer ainda reduzir o número de deputados da Assembleia da República e impedir os eleitos de empregar membros da sua própria família.

Em Bruxelas, Macron defende a criação de um orçamento europeu, a criação de guardas-fronteiriços europeus e a harmonização entre Estados-membros das regras sociais e financeiras. O candidato quer ainda lutar contra as práticas de otimização fiscal.
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