Chega criticou PSD com quem quer acordos e lançou suspeitas sobre processo eleitoral
André Ventura centrou na campanha eleitoral os seus ataques no PSD, recorreu ao insulto e voltou a agitar bandeiras mais polémicas do Chega, como a defesa da prisão perpétua, procurando ainda lançar suspeitas sobre o processo eleitoral.
André Ventura apelou ao voto no Chega como o único partido que representa a mudança, tentando contrariar os apelos ao voto útil feitos pelo PS e PSD, que considerou representaram o mesmo.
Afirmando ter a esperança de ganhar as eleições, o presidente do Chega reconheceu que é um cenário difícil, considerando contudo que existe a possibilidade de "ficar à frente do PS".
O Chega insistiu na ideia de que será essencial para a formação de uma maioria de direita e exigiu ser incluído num eventual governo do PSD, partido que criticou e que acusou de ser "muleta do PS".
Sobre soluções governativas, Ventura disse ter "99% de garantia e certeza" de que a direita formará governo se tiver maioria, incluindo o Chega, e que essa garantia terá sido dada por "forças vivas" do PSD, que nunca identificou.
Nesta campanha, voltaram a ser agitadas bandeiras mais polémicas do partido, nomeadamente a defesa da prisão perpétua. Ventura voltou a destacar os "portugueses de bem" em relação aos restantes e, partindo do `slogan` do antigo Presidente dos EUA Donald Trump, disse querer tornar Portugal grande outra vez, ideia também defendida pelo líder do Vox, que se juntou à campanha do Chega na quarta-feira, no Algarve.
No confronto político, mantendo o PSD como alvo principal, André Ventura deixou críticas a vários líderes partidários. Acusou a coordenadora do BE de ser "burlona", e Pedro Nuno Santos de ser "o maior mentiroso" dos candidatos socialistas e sugeriu que quem estivesse a pensar votar no PS "tem de tomar a medicação".
Da AD (PSD/CDS/PPM) disse ser um "prostíbulo espanhol" e comentando a presença dos antigos líderes do PSD na campanha falou num "desfile de esqueletos", "velhas glórias" e "múmias".
Na segunda semana, procurou lançar a suspeita de que o resultado eleitoral poderia ser desvirtuado com a anulação de votos do Chega e da AD, mas a Comissão Nacional de Eleições repudiou tal ideia e garantiu que "o voto de cada cidadão vai contar exatamente como ele escolheu".
André Ventura apostou também num discurso de vitimização, criticando comentadores, a comunicação social e os restantes partidos, e afirmando que são "todos contra" o Chega.
A campanha ficou também marcada por dúvidas quanto ao financiamento eleitoral e partidário do Chega. Confrontado com estas notícias, André Ventura reconheceu dificuldades na identificação de alguns financiadores de 2019, atribuindo a responsabilidade aos bancos que alegou não terem dado essa informação.
O líder do Chega disse que o partido tem um novo sistema para receber donativos e indicou que a informação é enviada todos os meses à Autoridade Tributária.
Na reta final da campanha, - inicialmente composta por três arruadas e 23 comícios - o Chega aumentou as iniciativas na rua.
No que toca aos comícios, que decorreram em salas de eventos como casamentos e batizados, seguiram sempre o mesmo alinhamento, terminando com os discursos dos cabeças de lista por cada distrito e a intervenção de André Ventura.
Os comícios finalizaram sempre ao som do Hino Nacional, com alguns apoiantes a fazerem a saudação nazi, de braço estendido.
A caravana do Chega vai passar por todos os distritos de Portugal continental, devendo fazer um total de mais de três mil quilómetros. A campanha encerra em Lisboa, com uma arruada no Chiado e um concerto de Quim Barreiros.