Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) realizaram na última sexta-feira o debate final antes da segunda volta das eleições presidenciais. Como foi apanágio da campanha eleitoral, ambos os candidatos trocaram acusações e responderam a eleitores indecisos onde o tema central foi a corrupção.
Num debate transmitido pela Globo, uma das primeiras questões abordadas foi a notícia da revista “Veja”, em que é revelado que um depoimento à polícia federal brasileira desvela que tanto Dilma Rousseff como Lula da Silva (anterior Presidente) estavam a par do caso de corrupção da Petrobras.
Aécio Neves deu o mote para o debate com a Presidente brasileira com um pedido de explicação em relação à conivência com a corrupção em grandes empresas do Brasil. Dilma Rousseff respondeu com a reiteração de uma campanha agressiva contra a sua pessoa, vinda da parte do PSDB.
Em relação à notícia da “Veja, Dilma atacou a publicação: “O que esta revista faz sistematicamente contra mim, são calúnias e difamações. A “Veja” não tem provas de nada e demonstro a minha indignação. Na reta final de cada eleição, esta publicação tenta sempre dar um golpe eleitoral. O povo sabe que esta informação está a ser manipulada”, acusou.
A economia brasileira em foco
Após responder à primeira pergunta do debate, Dilma Rousseff também questionou o candidato adversário e contra-atacou ao perguntar-lhe se concordava com as declarações do seu ministro das Finanças, que afirmou que o salário mínimo brasileiro é muito alto.
Aécio Neves desvalorizou a questão e garantiu que o Brasil, durante a liderança de Rousseff, foi um dos países com menor crescimento na sua região e acusou que o crescimento do PIB brasileiro é o pior da última década, devido à política de “afugentamento de investidores” do país, que trouxe consequências para a inflação.
Ao que acrescentou que todas as ações de melhoras no estado social falharam. A saúde, segurança dos cidadãos e educação foram os exemplos dados pelo candidato do PSDB. E concluiu ao afirmar que Dilma Rousseff será a primeira Presidente da história que deixará ao Brasil uma inflação maior do que aquela que recebeu.
Numa habitual troca de acusações, Rousseff acusou que a grande inflação vivida no Brasil se deve à governação de Fernando Henrique e garantiu que o PT criou empregos e aumentou o salário mínimo em 71 por cento.
A reforma política no Brasil
Aécio Neves abordou em questão a reforma política no Brasil. O político do Partido da Social-Democracia Brasileira afirmou que deveria haver discussão sobre os casos de reeleição de dirigentes políticos, algo que foi desvalorizado pelo Governo de Dilma Rousseff.
O tucano acusou a Presidente brasileira de no último mês se ter arredado da realidade da governação do Brasil, questionando quem era o líder do país. Dilma Rousseff contra-atacou Aécio Neves e afirmou que a governação é feita todos os dias e que a reforma política não passa pela reeleição.
“Eu governo o Brasil e faço-o sistematicamente. Acredito que a questão da reforma política não é a reeleição. Se de facto, o candidato está focado em combater a corrupção, a questão mais séria é o fim do financiamento empresarial das campanhas. Assim acabaremos com a influência do poder económico sobre as eleições”, reiterou Dilma Rousseff.A Presidente acusou Aécio Neves de não ter interesse na reforma política brasileira, visto que a única vertente que o seu adversário pretende discutir é a reeleição.
Aécio Neves retorquiu as afirmações de Dilma sobre o recebimento de doações em campanhas eleitorais, acusando o Partido dos Trabalhadores de ter recebido vários milhões de reais no último ano. E voltou a afirmar o seu compromisso com a reforma política no Brasil, que passa primordialmente pelas questões da reeleição.
As perguntas de eleitores indecisos e promessas eleitorais
Uma das novidades no último debate político foi a participação de eleitores indecisos, que colocaram perguntas e dúvidas sobre o futuro do Brasil e o que os candidatos presidenciais pretendem realizar.Uma das questões levantadas prendeu-se com a subida das rendas, que em certos casos viu o seu preço triplicar em apenas quatro anos. Dilma Rousseff prometeu que o seu Governo irá construir mais três milhões de casas com rendas ajustadas e Aécio Neves, por sua vez, prometeu uma ampliação dos programas de novas casas e várias parcerias efetivas e desburocratizadas para que os cidadãos possam ter moradias de qualidade.
O futuro da educação foi também discutido e Aécio Neves afirmou que irá apoiar a requalificação das escolas e aumentar a remuneração dos professores. Já a Presidente Dilma Rousseff garantiu que durante o seu Governo serão construídas 6.000 cresces e que terá uma renovada preocupação com as crianças brasileiras.
A corrupção não foi esquecida pelos eleitores e uma das perguntas prendeu-se com o tipo de medidas que ambos os candidatos vão tomar em relação a este tema tão em voga no Brasil. Dilma Rousseff, candidata pelo Partido dos Trabalhadores, concordou que a lei brasileira é branda para com os criminosos e propôs cinco grandes medidas para combater o flagelo.
"Todo o funcionário público que enriquecer sem especificar a fonte do seu dinheiro, será punido criminalmente", disse e acrescentou que nos tribunais serão criadas instâncias para que crimes de colarinho branco sejam punidos de forma mais rápida.
Aécio Neves acusou o PT de não ter preocupação em melhorar o combate efetivo à corrupção e que a melhor medida para que o problema seja eliminado é tirar o Partido dos Trabalhadores do Governo.
Em termos de segurança, Aécio Neves prometeu um novo programa de segurança pública que irá proteger fronteiras do flagelo do tráfico de droga e a renovação das penas de prisão para que cometa rimes. Por sua vez, Dilma Rousseff afirmou que durante o seu Governo, foi criado um plano estratégico para o controlo das fronteiras que apreendeu milhões de toneladas de droga.
As presidenciais brasileiras têm lugar no próximo domingo, em que Dilma Rousseff e Aécio Neves lutam pela presidência do Brasil.
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