Entrevista a Humberto Correia. "É a pobreza de muitos portugueses que me traz até aqui"

O candidato a Belém frisou, em entrevista à RTP Notícias, que "é preciso resolver o problema de habitação de todos os portugueses", sendo essa a sua "missão".

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: RTP

O candidato presidencial Humberto Correia assumiu esta sexta-feira, em entrevista à RTP Notícias, que foi “a pobreza de muitos portugueses” que o levou a entrar na corrida eleitoral.

O candidato, que esteve emigrado em França, onde trabalhou na construção civil e em fábricas, explicou na entrevista que a corrida a Belém é uma ideia que “vem de 2017”, quando foi candidato à Câmara de Faro.

“Eu tive um bom resultado para um início, que foi 1,8 por cento”, relembrou. “A partir desse dia de outubro, eu decidi que as próximas eram as da República”.

Questionado pelo jornalista Pedro André Esteves sobre a sua principal motivação, Humberto Correia respondeu: “porque eu venho da pobreza e é a pobreza de muitos portugueses que me traz até aqui”. O candidato vincou que “80 por cento dos portugueses são pobres e 20 por cento vivem na miséria”.

Na visão de Humberto Correia, “o maior problema do povo português é a habitação”, já que “as pessoas, mesmo a trabalhar, não conseguem pagar uma renda de casa”.

A sua principal proposta é, por isso, “impor o cumprimento do artigo 65 da Constituição”, segundo o qual “todo o cidadão tem direito a uma habitação com dimensões adequadas para si e para a sua família”, frisou. 

“Todas as pessoas que fazem parte do Governo tinham de ser reunidas para resolver esse problema”, defendeu. “Toda a gente. Porque é o maior problema do povo português, esse. E é preciso construir em Portugal, por ano, 100 mil habitações sociais”.

O candidato a Belém sugeriu ainda o arrendamento de habitações por metro quadrado. “Por exemplo, 30 metros quadrados, 90 euros mensais; 50 metros quadrados, 150 euros mensais”, propôs.

Humberto Correia vincou que os jovens emigram devido aos problemas na habitação e que é preciso favorecer os cidadãos dessa faixa etária, pois “se não mantivermos os jovens em Portugal isto será um desastre”.

Outra área que prioriza é a da educação, dando o exemplo de França, onde “todas as crianças a partir dos três anos” têm “escola obrigatória, gratuita e de qualidade”.
“A minha posição é centro-direita”
Questionado sobre como se posiciona politicamente, o candidato disse não ser de esquerda nem de extremos. “A minha posição é centro-direita, penso eu. Eu nunca fiz parte de qualquer partido político”, afirmou.

O independente acusou ainda a esquerda de ter tendência a “habituar as pessoas que podem trabalhar a ganhar dinheiro sem trabalharem”.

“Há muita gente que se encosta ao sistema, recebe subsídios e, a partir daí, essas pessoas deixam de trabalhar”, acrescentou.

Humberto Correia disse ser “neutro” e, por isso, se não passar a uma segunda volta nas eleições presidenciais “os portugueses são livres de votar em quem quiserem”.

Sobre a sua ideia de percorrer o país vestido de dom Afonso Henriques, o candidato presidencial explicou que em 2017, quando se candidatou à autarquia de Faro, propôs organizar nessa cidade “uma grande festa medieval”, e para dar o exemplo começou “a andar vestido” como o primeiro rei português.

Agora, é uma forma de causar “impacto nas pessoas”, explicou, acrescentando que se inspira em muitos reis e que “nós portugueses temos de ter orgulho da nossa história”.

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