Manuel João Vieira desafia candidatos a "dar um pé de dança", promete "fado nacional" e leitão em Belém

Foi professor universitário, artista plástico, músico, fundador do grupo "Ena Pá 2000" e conhecido pelo tom satírico. Manuel João Vieira considera ser o único candidato capaz de ajudar Portugal "a dar o salto". Numa entrevista à RTP Notícias, desafiou os opositores políticos a "dar um pé de dança" na noite de Passagem de Ano.

Inês Moreira Santos - RTP /
João Marques - RTP

Depois de várias tentativas, Manuel João Vieira conseguiu as assinaturas necessárias para a candidatura a Belém, "num esforço realizado por uma equipa".

“Queria, antes de mais nada, convidar os outros dez candidatos (…) a dar um pé de dança” na noite de fim de ano, no espetáculo que o próprio vai dar no Cais do Sodré, em Lisboa.

“Não vai ser um comício. Vou dar um concerto, com os ‘Ena Pá 2000’ e ‘Irmãos Catita’”, assegurou.

Para o próximo ano que está prestes a começar, espera que “traga mais inteligência, mais sobriedade”. E admite que um dos desejos para 2026 é a “vitória nas eleições”, embora reconheça que não “parece fácil”, considerando as sondagens divulgadas.

“Nós devíamos ter uma democracia hiperpluralista”, disse, explicando que devíamos “ter vários parlamentos, vários governos, tudo ao mesmo tempo”. Cenário que o candidato vê como “a confusão completa que está dentro dos portugueses”.

No plano político nacional acha que “não existe propriamente humor”, mas antes “uma ironia que tenta ser fina, mas muitas vezes é grosseira”. E acusa os outros candidatos de não terem “objetivos políticos concretos”.

Em tom de crítica, considera que o “país é dominado pela União Europeia”, que é “dominada pelos Estados Unidos”.

“Portugal tem que começar a olhar, por um lado, para lá de si próprio”, considerou, destacando o desaparecimento da classe média no país. É preciso da “o salto” e “esse salto só pode ser dado com o candidato Vieira”.

“Exatamente por não ter experiência governativa, acho que sou o candidato para dar esse salto”, adiantou, acrescentando que as questões ambientais e as migrações têm passado ao lado da campanha de todos os candidatos.

E referindo-se ao opositor André Ventura, o candidato ofereceu-se para pintar uma bandeira para o Chega com um sapo.

“Gostava de oferecer ao meu colega, o candidato do Chega, e de pintar uma bandeira para o partido – que eu tenho muito jeito para pintar animais. Gostava de lhe pintar um sapo. Acho que ficava uma bonita bandeira”, afirmou Manuel João Vieira.

Considerado “desconcertante, imprevisível”, o antigo professor universitário acha que “um presidente da República deve ter alguma imprevisibilidade”. E se fosse eleito chefe de Estado, dissolvia a Assembleia da República em casa de “ingovernabilidade” e, em tom de brincadeira, “se não gostar da gravata do primeiro-ministro”.

“Estamos metidos numa encruzilhada. O mundo está metido numa encruzilhada”, lamentou, falando da guerra na Ucrânia e em Gaza e criticando a inércia portuguesa. “Não estamos a dar o salto”.

É a Assembleia da República que tem de legislar, mas o candidato e artista plástico acredita que ao presidente da República “compete paternalizar e chatear, aborrecer de morte os ministros e os primeiros-ministros, para que cumpram determinadas ações que são importantíssimas para Portugal”.

Se não passar à segunda volta, Manuel João Vieira disse que apoia o candidato “que estiver mais à esquerda”, porque está farto “do Donald Trump e da direita”, assim como do discurso “nós somos os bons, vocês são os maus”.

Ainda assim, se fosse eleito Manuel João Vieira cantaria um hino que o próprio compôs e o hino nacional.

“E faria uma coisa muito importante: um fado nacional”, afirmou, acrescentando outras medidas como abrir portas do Palácio de Belém para os portugueses irem comer leitão.
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