Orçamento. Chega acusa PS de "condicionar" debate e admite votar contra

Se não houver mudanças significativas na proposta apresentada pelo Governo, o Chega admite votar contra a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.

João Alexandre - Antena 1 /

Fotografia de Gonçalo Costa Martins

Na Antena 1, Rui Afonso, deputado do Chega e atual presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, criticou a proposta da AD, mas fez também reparos ao anúncio de uma "abstenção exigente" por parte do Partido Socialista.

"Nós vamos fazer o nosso trabalho e vamos apresentar as nossas propostas de alteração. Relativamente ao nosso posicionamento, a nossa decisão em sede de generalidade ainda não está tomada. Ainda estamos a digerir o processo autárquico", disse o deputado, que admite que, sem alterações de fundo, o Chega "pode" votar contra o documento: "Pode. Nós ficamos muito condicionados pelo PS".

No programa Entre Políticos, Rui Afonso, defendeu que o partido "não entende" a "abstenção exigente" anunciada pelos socialistas e garante que, caso o PS tivesse atuado de forma diferente, haveria margem para "negociar de outra forma" o Orçamento do Estado.

"[A posição do PS] Esvaziou-nos, mas é preciso nós percebermos que quem ficou prejudicado no meio disto tudo não foi o partido Chega, foram os portugueses", lamentou o deputado.

Rui Afonso não tem dúvidas de que o anúncio de José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, sobre o sentido de voto dos socialistas na votação na fase da generalidade - e que pode, inclusive, verificar-se na votação final global do Orçamento -, condiciona o debate e a atuação dos restantes partidos da oposição ao Governo de Luís Montenegro.

"Em vez de ser exigente, devia ser uma abstenção condicionante. Ou seja, eu acho que é uma abstenção que nos vai condicionar em sede de negociação do Orçamento do Estado", vincou Rui Afonso.

E acrescenta o deputado do Chega: "É um Orçamento que não é reformista, que vem no seguimento do conjunto de orçamentos que têm vindo a ser adotados e de políticas que têm sido adotadas, até, por governos socialistas. E, claro, falha muito naquilo que é necessário para o país, que, no fundo, é o crescimento económico. É um orçamento que diz muito pouco às empresas".
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