50.º aniversário da independência de Angola

RTP /

Dez mil convidados, 45 delegações internacionais. É este o escopo da cerimónia planeada para esta terça-feira na capital angolana, Luanda. Dia em que se comemoram cinco décadas desde a independência do país africano, proclamada a 11 de novembro de 1975.

"Celebrar 50 anos é um acontecimento único e insólito", afirmou na véspera Adão Almeida, ministro de Estado e chefe da Casa Civil do presidente angolano. Para trás fica, nas palavras do mesmo responsável, citado pela agência Lusa, uma "longa jornada de preparação" de um acontecimento destinado a celebrar a unidade nacional "de um povo que se libertou do colonialismo, conquistou a paz e trabalha afincadamente para o desenvolvimento do país".As cerimónias têm lugar na Praça da República e contam com a presença de delegações das 18 províncias de Angola e "dos mais diferentes níveis" de vários países. Luanda recebe assim chefes de Estado, vice-presidentes, primeiros-ministros e ministros dos Negócios Estrangeiros.


Estão credenciados 350 jornalistas para a cobertura deste acontecimento.

Em desfile cívico vão estar perto de seis mil participantes, representando "os mais diferentes segmentos da sociedade angolana". Segue-se o desfile militar com quatro mil efetivos das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional.

Antes do encerramento, com a apresentação da música oficial dos 50 anos da independência, será realizada a condecoração póstuma, com a Medalha de Honra, de Agostinho Neto, proclamador da independência nacional e presidente angolano. O atual presidente, João Lourenço, fará o discurso à nação.

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, participa nas celebrações angolanas acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e deputados.

"Nesta visita, que constituirá um momento muito significativo na relação de estreita cooperação e profunda amizade entre Portugal e Angola, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa será acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e por um deputado de cada grupo parlamentar da Assembleia da República", indicava no domingo uma nota publicada no portal da Presidência da República.A deslocação do presidente da República a Angola foi aprovada por unanimidade na Assembleia da República.

É a sétima deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa a este país, onde esteve nas tomadas de posse do presidente João Lourenço, em 2017 e 2022, e realizou uma visita de Estado em 2019.

Marcelo esteve ainda em Angola para a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Bienal de Luanda - "Fórum PAN-Africano para a Cultura de Paz", em 2021, além do funeral de José Eduardo dos Santos, em 2022.
"Um momento único"
À chegada a Luanda, o presidente da República desvalorizou o anterior "irritante" nas relações com Angola, enfatizando que estas vivem atualmente "um momento único" e com um "futuro promissor para ambos os povos".

Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas depois de um breve encontro, no Palácio Presidencial, com o chefe de Estado angolano, João Lourenço.Já num encontro com portugueses, na residência do embaixador em Luanda, o presidente teceria elogios à comunidade portuguesa em Angola, dando destaque à "resistência e persistência" daquels que optaram por ficar no país em contextos difíceis.

"Os grandes vencedores têm sido os portugueses e angolanos que persistiram e ganharam", vincou, para assinalar que, em dez anos, apenas dois ue não correram bem, devido ao denominado "irritante" nas relações bilaterais, ou seja, o processo judicial contra o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, que não chegou a julgamento.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou que Portugal é "um exemplo paradigmático" de como se pode ultrapassar as dificuldades da História, destacando as relações com Angola: "Se olhar para países que tiverem, nos seus séculos, nos seus tempos, domínios coloniais e olharmos para as relações desses países, antigos colonizadores e ex-colónias, Portugal é um exemplo paradigmático de como é possível ultrapassar os nós difíceis da História".

O embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, declarou também na segunda-feira que os dois países tiveram a capacidade de "construir uma relação que assenta na igualdade e no respeito mútuo".

"Amanhã fechamos o ciclo das comemorações interligadas dos 50 anos do 25 de Abril e da Independência de Angola. Será um dia memorável. Não obstante o passado colonial, a guerra e toda a turbulência que se seguiu à independência, fomos capazes de construir uma relação que assenta na igualdade e no respeito mútuo. Devemos estar orgulhosos deste percurso", frisou o diplomata.

c/ Lusa
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