Marcelo diz ser tempo de sermos "todos, todos, todos europeus, antes que seja tarde demais"

RTP /

O presidente da República discursou nas comemorações dos 40 anos de adesão de Portugal à CEE para lembrar que "nunca podemos desistir dos nossos ideais". Marcelo Rebelo de Sousa alertou que, para existir paz na Europa, temos de ser "todos, todos, todos europeus".

"Se verdadeiramente queremos paz e segurança na Europa, é tempo de sermos todos, todos, todos europeus, antes que seja tarde demais, antes que haja vítimas demais", vincou o chefe de Estado.

"Decorridos estes anos, valeu a pena?", questionou Marcelo Rebelo de Sousa, passando a responder "claro que sim" e acrescentando que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

"A alma da Europa e a alma europeia de Portugal nunca foi ou é ou será pequena. Foi tudo perfeito? Claro que não", salientou, "mas a principal conquista comunitária chama-se 'paz'".

"Este continua a ser o principal objetivo, a principal razão de ser", especialmente perante "novos e terríveis conflitos", vincou o presidente. "Nunca podemos desistir dos nossos ideais nem esquecer a identidade do projeto europeu", declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa recordou ainda o período da adesão. "Reza a história que, num dia de inverno de 1977, Mário Soares ouviu pacientemente as opiniões de diversos peritos nacionais sobre se Portugal estaria em condições de aderir às comunidades europeias", relembrou.

"Consta que a grande maioria achou então que era muito cedo, que não estavam criadas as condições para a adesão e devíamos esperar".

"A 28 de março desse mesmo ano, cumprindo a promessa eleitoral feita no ano antes, e seguro do apoio de Francisco Sá Carneiro e de Diogo Freitas do Amaral, bem como de uma larga maioria do povo português, Mário Soares assinou as cartas dirigidas a dois britânicos (…) solicitando formalmente a abertura das negociações de adesão", contou o presidente.

O chefe de Estado considera a adesão "um verdadeiro exemplo de que como a política e os políticos de vários partidos podem trabalhar em conjunto para um grande desígnio da nação portuguesa".

Salientou ainda que "três gerações de políticos aqui presentes negociaram, aplicaram, traduziram a adesão em melhoria das condições de vida dos portugueses".

"Na verdade, Portugal é o único atual Estado-membro não fundador que, com Durão Barroso e António Costa, viu os seus nacionais serem presidentes de duas instituições europeias: a Comissão Europeia e o Conselho Europeu", vincou.

"O desafio de hoje é manter esse caminho, adaptando-o às novas realidades, dando novas respostas aos novos problemas, sabendo que, na construção da UE, o nosso premente amiúde é o processo, o diálogo democrático e plural".
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