Carolina Costa foi "educada para votar" e fê-lo hoje pela primeira vez

por Lusa

Carolina Costa, que hoje votou hoje pela primeira vez, tem amigos que votam e que não votam e acredita que o que distingue uns dos outros é a educação.

"Se a pessoa é educada para votar, para fazer pelo seu país, a pessoa vai votar. Eu fui educada para votar, para fazer pelo meu país. Uma pessoa que critica o nosso país... se quer criticar, tem de votar, para melhorar", exige a jovem de 23 anos, a caminho da praia quando parou para conversar com a agência Lusa.

Carolina Costa contraria a estatística das eleições europeias de 2014, nas quais votaram apenas 19 por cento dos jovens entre os 18 e os 24 anos. Esta "última de quatro filhos", a quem os pais disseram sempre que "tinham de ir votar", acredita que "Portugal precisa muito do apoio da Europa".

Uns metros à frente, Fátima Mesquita conta que votou antes de entrar ao trabalho, no café de uma associação recreativa e desportiva.

"Normalmente vou sempre votar de manhã, antes de ir para o trabalho", diz, qualificando de "parvoíce" a ligação entre o bom tempo e a abstenção. "As pessoas não deviam ir para a praia na hora do calor, podiam ir votar. (...) As pessoas não vão votar porque não acreditam na política. Os políticos estão muito desacreditados. Eu também não acredito, mas, de qualquer maneira, faço a minha obrigação", assume.

Na mesma associação, um funcionário público escusa-se, por não poder "falar" sobre política, mas comenta que "falta um quadradinho no boletim, que diga `quem não se identifica com nenhum dos candidatos`".

No paredão que acompanha a marginal de Lisboa a Cascais, há quem faça desporto, quem passeie apenas e famílias inteiras que chegam à praia munidas da típica geleira azul e branca com o almoço.

Dois jovens de 26 e 27 anos preferem não falar para a câmara, mas lá vão dizendo que não acreditam na política. "Independentemente de quem se escolha, ninguém vai fazer nada", queixam-se.

Susana Pereira está em contramão -- o filho de seis meses leva-a a sair da Praia de Santo Amaro de Oeiras na hora de mais calor. Ainda não decidiu se vai votar, logo verá, no final do almoço e depois de tratar do bebé.

Reconhece a importância da União Europeia (UE), mas desvaloriza as europeias quando comparadas com as "eleições a nível nacional". As europeias "também são importantes, claro, mas uma pessoa pensa sempre duas vezes antes de alterar os planos de família", confessa. "Em relação aos políticos... acho que não fazem muito, a nível europeu, pelo nosso país", critica.

Uma avó apressada, dois netos pelas mãos, não podia parar para conversar, mas deixou um reparo: "Acha que eu estava aqui tão descansada se ainda não tivesse votado?".

Também Marina Camacho votou "logo pela manhã", cumprindo um "importantíssimo" dever cívico. "Devia ser uma obrigação, dever não, obrigação", vinca.

A elevada abstenção -- nas últimas eleições europeias, nem metade dos eleitores europeus foi às urnas e a abstenção atingiu um número recorde em Portugal (66,09 por cento) -- não chega a deixá-la "zangada", mas fá-la considerar que "as pessoas são irresponsáveis".

O voto "não tem nada a ver" com as condições meteorológicas, pode ser exercido "das nove da manhã até fechar, temos sempre um tempo", sublinha.

Há mais europeus no paredão. Denise Reiches é austríaca e está em Portugal "entre férias e negócios". Confessa que queria ter votado, mas, como só o podia ter feito se se tivesse inscrito antecipadamente, não o fez.

"Se fosse fácil de fazer, sem ter de me registar, fá-lo-ia de certeza, acho que é importante votar", frisa, defendendo que se devia poder votar nas europeias a partir de qualquer país-membro da UE.

O maior desafio para a UE que sair das eleições de hoje "é a mentalidade e a atitude das pessoas no meu país, que são contra tudo" e "querem sair da União Europeia" -- prestes a perder um dos seus 28 Estados-membros, o Reino Unido.

"As pessoas [na Áustria] têm muito medo da imigração ou de que a UE nos obrigue a receber mais imigrantes ou de que as pessoas dos países de Leste venham para a Áustria. Não penso que isto seja sempre baseado na realidade, mas é muito difícil ultrapassar essa atitude", admite.

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