Eurodeputados portugueses são dos mais influentes no Parlamento Europeu

por Andrea Neves - Correspondente Antena 1 em Bruxelas; Sara Piteira - Grafismo
Reuters

Um estudo realizado pela VoteWatch Europe para um consórcio de meios de comunicação social portugueses constituído pela Antena 1, RTP, Público, Lusa, Expresso, SIC e TVI mostra que a delegação portuguesa é a oitava mais influente das 28 representações nacionais no Parlamento Europeu.

O estudo, encomendado pelo consórcio de correspondentes em Bruxelas, apresenta ainda o Eurodeputado José Manuel Fernandes do PSD como o mais influente dos 21, seguido pelo Eurodeputado do PS Carlos Zorrinho.
Delegação portuguesa

Os Eurodeputados portugueses são o 8.º grupo nacional mais influente (em média) no Parlamento Europeu.

A influência, medida pela VoteWatch Europeu resulta da aplicação de um algoritmo que a organização desenvolveu e que tem em conta não só a participação como a capacidade de moldar legislação, de ocupar posições de liderança e de construir redes de influência no Parlamento Europeu. 



No geral, a delegação Portuguesa parece beneficiar da ausência de membros de partidos nacionalistas de direita que tendem a ser mais isolados e, consequentemente, a ter menor capacidade de influência. 

Por outro lado, dos 21 Eurodeputados, a maioria pertence aos dois maiores e mais influentes grupos políticos europeus (S&D e EPP). Apenas cinco se inserem noutras famílias politicas europeias (ALDE e GUE/NGL).
Influência geral
De acordo com este estudo, José Manuel Fernandes (PSD) é o Eurodeputado Português mais influente e a uma distância considerável do segundo lugar ocupado por Carlos Zorrinho do PS. 

José Manuel Fernandes é o único dos portugueses a fazer parte da lista dos cem mais influentes da VoteWatch Europe, em 41.º lugar entre os 751 parlamentares. 

Em terceiro lugar surge Ricardo Serrão Santo, do PS e o quarto lugar é ocupado por dois Eurodeputados: Paulo Rangel do PSD e Francisco Assis do PS.
 
O Eurodeputado menos influente desta legislatura é José Inácio Faria, eleito pelo Movimento Partido da Terra e que se recandidata como independente nas listas do "Nós, Cidadãos!"
 
Paulo Rangel é, dos cabeça de lista destas eleições, o que mais influência teve nesta legislatura, mas abaixo (13 pontos) de José Manuel Fernandes o número 3 das listas do PSD. Já Carlos Coelho, que é o 3.º mais influente do PSD e o 6.º a nível geral foi eleito por Rui Rio para ser o 7.º nas listas do PSD (lugar considerado como dificilmente elegível).


Influência individual dos eurodeputados portugueses: Este parâmetro tem em conta todos os pontos relacionados com a influência legislativa, posições de liderança e network. 

No que se refere aos socialistas, Carlos Zorrinho, que é o segundo Eurodeputado mais influente dos portugueses e o 1.º do PS, está apenas no lugar 7 da lista às europeias. Pedro Silva Pereira, eleito por António Costa para 3.º nas listas do PS é, para a VoteWatch Europe, o 10.º eurodeputado mais influente desta legislatura.
 
No geral, o Partido Socialista tem cinco eurodeputados nos 10 primeiros lugares, sendo que três saem das listas a candidatos: Ricardo Serrão Santos (3.º), Francisco Assis (4.º) e Ana Gomes (8.º).
 
Marisa Matias aparece em 7.º lugar sendo a segunda mais influente dos atuais cabeças de lista.

João Ferreira, da CDU, é o 9.º mais influente, Marinho e Pinto do PDR o 12.º e o cabeça de lista do CDS-PP Nuno Melo o 17.º
 
Os últimos três lugares, neste ranking de influência geral, são ocupados por João Pimenta Lopes da CDU, Liliana Rodrigues do PS e José Inácio Faria eleito pelo MPT.
 
O estudo da VoteWatch Europe para este consórcio inédito de jornalistas correspondentes em Bruxelas mostra ainda que 14 Eurodeputados Portugueses são mais influentes do que a média dos Parlamentares. Influência legislativa e posições de liderança
José Manuel Fernandes não só é o Eurodeputado mais influente a nível geral mas também o mais influente a nível legislativo, categoria na qual Paulo Rangel está apenas em 19.º lugar. No entanto, o cabeça de lista do PSD é o mais influente quando se trata de posições de liderança (é vice-presidente do Partido Popular Europeu, por exemplo) seguido por Marisa Matias do Bloco de Esquerda. 

 
Influência legislativa: Este parâmetro tem em conta a elaboração de relatórios, pareceres e relatórios-sombra, não só ao nível quantitativo como qualitativo.

O PSD tem, nos dois primeiros lugares, os dois eurodeputados mais influentes no que se refere a moldar a legislação: José Manuel Fernandes e Carlos Coelho seguidos por João Ferreira da CDU. Marisa Matias (10ª) e Nuno Melo (11.º) aparecem no meio da tabela.
 
Também Maria João Rodrigues (vice-presidente da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas), em 4.º lugar no que se refere a posições de liderança, ocupa um dos últimos lugares quando se analisa a influência em moldar legislação. A Eurodeputada socialista fica no 19.º lugar com a mesma pontuação de Paulo Rangel. Em último está Liliana Rodrigues, do PS.
 
 
Posições de liderança: Este parâmetro tem em conta as posições em grupos políticos, o ser chefe das delegações nacionais de cada partido, o ser presidente ou vice-presidente das comissões do Parlamento Europeu e de quais, a posição de secretariado do PE, a presidência de intergrupos, a presidência ou vice-presidência de grupos políticos e a coordenação política.

Neste sentido é possível observar que a vice-presidência de um grupo politico europeu parece não ter uma influência decisiva no que se refere à capacidade legislativa destes Eurodeputados.
Marinho e Pinto e José Inácio Faria
Marinho e Pinto deixou o Movimento Partido da Terra a meio do mandato em rutura como José Inácio Faria.
 
Cinco anos depois este estudo mostra que Marinho e Pinto se superiorizou em todas as áreas a José Inácio Faria. É o 12.º Eurodeputado mais influente, a nível geral, enquanto Inácio Faria é o último.
 
Marinho e Pinto está seis lugares acima (9.º) de Inácio Faria (15.º) a nível legislativo.
 
Rede de influência network: Este parâmetro tem em conta a antiguidade, o facto de o Eurodeputado pertencer ou não a partidos do governo, a afiliação a grupos influentes, a capacidade de construir consensos, o pertencer (ou não) ao lado ganhador das decisões e a participação nos trabalhos e votações no PE.



VoteWatch Europe

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