Europeias. Facebook apaga "fake news" e contas de extrema-direita

por RTP
A empresa de Mark Zuckerberg diz-se comprometida com a "integridade das eleições" para o Parlamento Europeu Charles Platiau - Reuters

Um estudo da ONG Avaaz identificou mais de 500 contas de Facebook usadas para disseminar notícias falsas. A rede de contas de extrema-direita publicava discursos de ódio e pretendia “espalhar mensagens de supremacia branca”. A empresa de Mark Zuckerberg diz-se comprometida com a "integridade das eleições" para o Parlamento Europeu.

Apesar dos esforços constantes do Facebook, a rede social tem sido invadida por publicações de desinformação e redes de contas falsas que pretendem tornar virais as chamadas fake news. A poucos dias das eleições para o Parlamento Europeu, foram eliminadas centenas de contas suspeitas.

Nos últimos três meses, a organização não-governamental Avaaz descobriu mais de 500 contas e páginas suspeitas no Facebook em França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Polónia e Espanha.

A rede social eliminou contas que tinham cerca de seis milhões de seguidores e que proliferavam notícias falsas e discursos de ódio.

A maioria destes utilizadores foi descoberta por publicar e partilhar, através de perfis falsos, conteúdo desinformativo e de incitamento ao ódio. A Avaaz está, no entanto, ainda a investigar centenas de outras contas com mais de 26 milhões de seguidores que podem ser expostos a conteúdos suspeitos.

Estas redes eram muito mais populares do que as páginas oficiais dos grupos populistas de extrema-direita e “anti-UE” naqueles países, de acordo com a edição online do jornal britânico The Guardian.

“As páginas têm altos níveis de interação. Não importa quantos seguidores tem se não houver interações”, disse Christoph Schott, diretor de campanha do grupo Avaaz. "Eles têm mais de 500 milhões de visualizações apenas nas páginas apagadas, o que é mais do que o número de eleitores na UE", acrescentou.
"Armas de destruição em massa"
A Avaaz encontrou, até agora, mais de 550 páginas e grupos, assim como 328 perfis que alegadamente partilhavam notícias falsas. Embora o Facebook as tenha apagado, na sua maioria, essas páginas foram visualizadas cerca de 533 milhões de vezes, em apenas três meses.
"A desinformação está a ser usada para enganar as pessoas e alimentar a raiva e a desconfiança na nossa política e a preocupação é que veremos o impacto nas eleições européias nesta semana", adverte Christoph Schott.
"O tamanho e a sofisticação destas redes transformam-nas em armas de destruição em massa para a democracia e agora estão apontadas diretamente para a Europa", disse ainda o diretor de campanha da Avaaz. "Nós apenas apanhamos a superfície. Deve haver muito, muito mais por aí". 

As atividades identificadas como suspeitas variavam. Em França, algumas contas partilhavam conteúdo de “supremacia branca”. Já as publicações na Alemanha apoiavam a negação do Holocausto e promoviam o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

O problema, segundo Schott, é que estes conteúdos e páginas não são apenas direcionados para as eleições europeias. Este tipo de atividade tem como objetivo mudar a política e a visão das pessoas, dando uma falsa impressão de apoio popular aos conteúdos que produzem.

“Nós sabemos que essas redes têm um impacto significativo, que realizam campanhas de desinformação que duram anos, por exemplo, fazendo com que uma questão específica pareça mais importante”.

Este estudo foi realizado por investigadores independentes e jornalistas contratados pela Avaaz após uma campanha de financiamento online.
Facebook comprometido com "integridade das eleições"
Em nota enviada à RTP, um porta-voz do Facebook manifesta gratidão pelo facto de a Avaaz ter "partilhado a sua investigação" com a empresa.

"Tal como dissemos, estamos focados na proteção da integridade das eleições em toda a União Europeia e em todo o mundo", sublinha a mesma fonte.

"Removemos um número de contas falsas e duplicadas que estavam a violar as nossas políticas de autenticidade, bem como múltiplas páginas por alteração de nome e outras violações", prossegue o porta-voz da empresa de Mark Zuckerberg.

"Atuámos também contra algumas páginas adicionais que repetidamente publicaram desinformação. Tomaremos mais medidas se encontrarmos violações adicionais", conclui.
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