A Ucrânia acredita que vai receber vários esquadrões de aviões de combate até outubro e prevê que até lá pelo menos 100 pilotos terão de ser formados, disse à Lusa o representante da Presidência no parlamento ucraniano.
Força Aérea da Ucrânia prepara treino de 100 pilotos em caças modernos
"Essa informação [sobre o número de caças prometidos pelos aliados ucranianos] não pode ser divulgada em concreto, mas podemos tirar conclusões analíticas gerais: A Ucrânia vai receber vários esquadrões de aeronaves, com um mínimo de dois pilotos para cada, por isso, podemos falar em aproximadamente 100 pilotos", disse Fedir Venislavskyi, deputado e representante da Presidência ucraniana no parlamento, em entrevista à agência Lusa.
Também membro da Comissão de Segurança Nacional, Defesa e Inteligência do parlamento, Venislavskyi falou à Lusapor videoconferência a partir dos arredores de Sloviansk, uma cidade na região do Donbass que está apenas a 45 quilómetros de Bakhmut, conquistada há dias pelas tropas russas.
O deputado ucraniano, que faz a `ponte` entre o Presidente Volodymyr Zelensky e o hemiciclo, disse estar "confiante de que nos próximos três a cinco meses a Ucrânia receba vários esquadrões de caças, possivelmente de diferentes modelos".
"O presidente do Verkhovna Rada [parlamento da Ucrânia], Ruslan Stefanchuk, dialogou recentemente com os colegas na Suécia sobre a possibilidade de enviarem aeronaves Gripen", acrescentou o deputado ucraniano.
Algumas horas depois da entrevista, realizada na manhã de quinta-feira, a Suécia anunciou que está a preparar o envio destes caças e que vai começar a instruir pilotos ucranianos sobre como utilizá-los.
Os Saab JAS 39 Gripen, de fabrico sueco, são considerados aviões de combate mais versáteis do que os F-16 por necessitarem de uma pista de descolagem e aterragem mais curta, o que poderá ser indicado, por exemplo, para proteger a Kiev.
Nos arredores da capital há curtos troços das autoestradas com marcações especiais, feitas no início da invasão russa, e sem quaisquer sinalizações para automóveis. As Forças Armadas da Ucrânia adaptaram estas porções das vias para possibilitar a descolagem e aterragem de aeronaves em situações de emergência.
Apesar de não poder precisar se já há militares da Força Aérea ucraniana a receber treino de pilotagem de caças modernos como os F-16, Venislavskyi ressalvou que alguns pilotos "já começaram os preparativos para os procedimentos técnicos relevantes".
"Espero que na próxima reunião [do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia] em Ramstein, dependendo dos resultados, consigamos receber informações mais específicas [sobre a chegada das primeiras aeronaves]", considerou o deputado.
A próxima reunião deste grupo, do qual também faz parte Portugal, vai ser no dia 15 de junho, no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas. O próximo encontro na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, só está prevista para o início de setembro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.