Guerra na Ucrânia: Autoridades afastam alto responsável de ciberespionagem por desvio de fundos
As autoridades ucranianas anunciaram hoje a demissão de um alto funcionário do Estado responsável pela cibersegurança, suspeito de ter desviado mais de 1,5 milhões de euros na compra de `software` a preços inflacionados.
A demissão deste alto funcionário, Yuri Chtchygol, que durante três anos chefiou o Serviço Especial de Comunicações do Estado, responsável em particular pela proteção cibernética das estruturas governamentais, foi acompanhada do afastamento do seu vice.
O Gabinete do Procurador da Corrupção (SAP) e o Gabinete Nacional de Investigação (NABU) declararam que Yuri Chtchygol era suspeito de ter desviado, em 2021 e 2022, 62 milhões de hryvnias (mais de 1,5 milhões de euros) ao comprar `software` de uma empresa estrangeira a preços sobrevalorizados.
Estes fundos foram transferidos para o estrangeiro para serem "legalizados e distribuídos entre os membros" do grupo criminoso do qual Chtchygol fazia parte, acusou a NABU num comunicado de imprensa publicado no Telegram.
Chtchygol, por sua vez, disse que espera poder "provar a sua inocência" em tribunal.
"Todas as compras foram feitas em conformidade com a legislação em vigor", afirmou num comunicado citado pela agência Interfax-Ucrânia.
A investigação tem atualmente como alvo Chtchygol, o seu vice e quatro outros funcionários, que incorrem numa pena até seis anos de prisão, acrescentou a SAP no Telegram.
No início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o país foi particularmente alvo de numerosos ataques cibernéticos russos dos quais conseguiu defender-se, segundo os especialistas.
Ao longo do conflito, o número de ataques cibernéticos diminuiu significativamente, porque os russos "esgotaram parcialmente a sua capacidade ofensiva" e "a defesa ucraniana atingiu um nível tal que é muito complexa", estimou em janeiro de 2023 o comandante francês encarregado da defesa cibernética, General Aymeric de Bonnemaison.
A luta contra a corrupção, um mal endémico no país, tal como na Rússia e noutros países da ex-URSS, é um dos critérios definidos pela União Europeia para examinar a candidatura da Ucrânia, que recebeu dezenas de milhares de milhões de euros no Ocidente em ajudas desde o início da invasão.
Vários escândalos de corrupção abalaram as autoridades ucranianas durante mais de um ano, inclusive dentro do Exército.