"Jogos sujos". Ucrânia acusa Rússia de falsas alegações sobre troca de prisioneiros

Horas depois de ter bombardeado um dos maiores ataques aéreos em território ucraniano, Moscovo acusou Kiev de estar a adiar a troca de prisioneiros e de milhares de soldados mortos em combate. Alegações que a Ucrânia negou, acusando a Rússia de estar a fazer "jogos sujos" e "manipulações".

Inês Moreira Santos - RTP /
Reuters

As autoridades ucranianas garantem não estar a atrasar ou a adiar a troca de prisioneiros e de corpos de soldados, definida entre as partes para acontecer este fim de semana.

“As declarações feitas hoje pelas autoridades russas não correspondem à realidade nem aos acordos anteriores”, indicou, na plataforma Telegram, o Quartel-General de Coordenação para o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra, acusando a Rússia de “jogos sujos” e de “manipulações”.

De acordo com a mesma entidade, não havia uma data fixa para a troca dos corpos e a Rússia é que não estará a cumprir os parâmetros acordados para a troca de prisioneiros de guerra.

“A Ucrânia entregou as listas para a troca, elaboradas com base nas categorias claramente definidas durante as negociações em Istambul: gravemente feridos, gravemente doentes, segundo a fórmula ‘todos por todos’ e soldados jovens”, acrescentou o organismo ucraniano responsável pela troca de prisioneiros. “A parte russa apresentou listas que não correspondem ao critério acordado. A Ucrânia fez os comentários pertinentes e agora o próximo passo cabe à parte russa”.

Também o Ministério da Defesa da Ucrânia apelou “à parte russa para que não crie obstáculos artificiais nem divulgue falsas declarações para evitar a devolução dos prisioneiros ucranianos ou para não repatriar os seus próprios prisioneiros”, através de uma publicação no Telegram.

O mesmo Ministério, que chefia também a delegação negociadora ucraniana, denunciou tratar-se de mais uma tentativa de “reverter” posteriormente o que foi acordado em Istambul, o que “volta a levantar dúvidas sobre o nível e a capacidade da equipa negociadora russa”.

Citado pela AFP, o oficial de segurança ucraniano Andriy Kovalenko também pediu a Moscovo que pare de "jogar jogos sujos" e aposte no trabalho construtivo “nos próximos dias”.“Infelizmente, em vez de um diálogo construtivo, enfrentamos mais uma vez manipulações e tentativas de instrumentalizar questões humanitárias sensíveis para fins mediáticos. Estamos interessados num resultado concreto: o regresso dos nossos prisioneiros e dos corpos dos mortos em combate, e estamos dispostos a continuar a trabalhar nesse sentido, dentro do quadro acordado”, afirmou.

O acordo para a troca de prisioneiros foi alcançado após a segunda sessão de negociações entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul, na Turquia.

“A parte ucraniana adiou inesperadamente a receção dos corpos e a troca de prisioneiros de guerra para uma data indeterminada. Apresentaram diversas razões e todas bastante estranhas”, acusou este sábado, na rede social Telegram, o chefe da equipa negocial russa, Vladimir Medinski.

O responsável garantiu que a parte russa, “em estrita conformidade com o acordado em Istambul”, começou na sexta-feira a cumprir o acordo humanitário de entregar à Ucrânia 6.000 corpos de militares do Exército ucraniano mortos em combate, bem como de trocar militares feridos e gravemente doentes e prisioneiros de guerra com menos de 25 anos”.

Na quarta-feira, o presidente ucraniano anunciou que Kiev e Moscovo iriam trocar 500 prisioneiros de guerra, de cada lado, este fim de semana, depois de terem concordado, dois dias antes, libertar os feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.
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