O ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, prometeu esta quarta-feira uma resposta rápida e “extremamente dura” às incursões de militantes ucranianos em Belgorod. Esta região russa foi alvo de numerosos ataques na madrugada desta quarta-feira. O Kremlin acusa as Forças Armadas da Ucrânia de serem responsáveis e de usarem equipamento militar norte-americano nestes ataques.
O governador da região dá conta de “numerosos” combates durante a madrugada desta quarta-feira. "A noite não foi muito tranquila. Houve muitos ataques de drones. A defesa antiaérea intercetou grande parte deles", escreveu Vyacheslav Gladkov no Telegram.
Durante a tarde desta quarta-feira, o ministro russo da Defesa deixou um recado aos adversários, prometendo uma resposta dura aos ataques. "Continuaremos a responder a tais ações de militantes ucranianos prontamente e com extrema severidade", disse Sergei Shoigu.
O Ministério da Defesa russo disse ter aniquilado todos os sabotadores que garante serem ucranianos, alegando ter matado mais de 70 "nacionalistas ucranianos" e empurrado os restantes de volta para a Ucrânia.
“Os grupos armados nacionalistas foram cercados e eliminados. Foram liquidados mais de 70 terroristas ucranianos”, escreveu o porta-voz da Defesa, Igor Konashenkov, na sua coluna diária sobre a guerra.
A Rússia garante que os autores dos ataques são ucranianos. No Telegram, o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, escreveu ao início da manhã desta quarta-feira que a região foi “bombardeada pelas Forças Armadas da Ucrânia”.
No entanto, um dos grupos de oposição ao Kremlin reclama o ataque e diz que a Rússia mente quando diz que eliminou todos os sabotadores. “Esta desinformação disseminada por fontes russas é tudo mentira”, disse o porta-voz da Legião da Rússia Livre, Alexei Baranovsky.
Kremlin acusa Kiev de usar equipamento militar norte-americano
A Rússia acusa ainda a Ucrânia de ter atacado a região com recuso a meios militares ocidentais. O Kremlin divulgou imagens que mostram veículos norte-americanos que terão sido usados nos ataques, abandonados ou danificados, incluindo veículos todo-o-terreno Humvee fabricados nos Estados Unidos.
"Não é segredo para nós que mais equipamentos estão a ser entregues às forças armadas da Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas quando questionado sobre o uso de equipamentos de fabrico ocidental pelos combatentes.
"Não é segredo que esse equipamento está a ser usado contra os nossos próprios militares. E não é segredo para nós que o envolvimento direto e indireto dos países ocidentais nesse conflito cresce a cada dia. Estamos a tirar as devidas conclusões", acrescentou.
Washington já se distanciou destas alegações, assegurando que “não encorajou ou permitiu ataques dentro da Rússia” e que estão “céticos quanto à veracidade desses relatos”.
“Não encorajamos nem iniciamos ataques dentro da Rússia, deixamos isso claro. Mas também, como dissemos, cabe à Ucrânia decidir como conduzir esta guerra”, disse Matt Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, em conferência de imprensa.
Ataques em regiões fronteiriças russas, como Belgoro e Bryanks, tornaram-se frequentes nas últimas semanas. Analistas explicam que o objetivo pode ser forçar o Kremlin a desviar as tropas das linhas da frente enquanto Kiev prepara uma contra-ofensiva de grande escala.