Primeiro-ministro britânico em Kiev para assinar tratado de parceria por um século

por Cristina Sambado - RTP
Carl Court/Pool via Reuters

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer chegou a Kiev na manhã desta quinta-feira para se encontrar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e assinar um tratado bilateral de "parceria por 100 anos", segundo Downing Street.

Esta visita surpresa, que acontece apenas alguns dias antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca, é a primeira deslocação de Keir Starmer a Kiev como primeiro-ministro britânico.

A Ucrânia e os seus aliados europeus temem um possível afastamento dos EUA, uma vez que Donald Trump tem afirmado repetidamente que quer acabar rapidamente com o conflito com a Rússia.

A visita de Starmer acontece dois dias depois de o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, se ter deslocado ao país para enviar um sinal claro do apoio europeu à Ucrânia.

Keir Starmer foi recebido na estação ferroviária de Kiev pelo embaixador do Reino Unido na Ucrânia, Martin Harris, e pelo enviado da Ucrânia em Londres, Valerii Zaluzhnyi.“O Reino Unido e a Ucrânia estão a assinar um tratado “histórico” de 100 anos para aprofundar os laços de segurança e reforçar a sua parceria para as gerações futuras”, afirmou Downing Street em comunicado.

O acordo abrangerá a “colaboração militar” no mar, mas também “parcerias científicas e tecnológicas em áreas como os cuidados de saúde e a doença, a tecnologia agrícola, o espaço, os drones, e construir amizades duradouras através de projetos nas escolas”.

“A ambição de Vladimir Putin de afastar a Ucrânia dos seus parceiros mais próximos foi um fracasso estratégico monumental. Pelo contrário, estamos mais próximos do que nunca, e esta parceria levará essa amizade para o próximo nível”, acrescentou Starmer, citado no comunicado de imprensa.

"Desde o trabalho conjunto no palco mundial até à quebra de barreiras ao comércio e ao crescimento e à promoção de laços culturais, a parceria mutuamente benéfica verá o Reino Unido e a Ucrânia a defenderem-se mutuamente para renovar, reconstruir e reformar para as gerações futuras", é referido no comunicado.

O acordo também "consolida o Reino Unido como parceiro preferencial para o setor energético da Ucrânia, a estratégia de minerais essenciais e a produção de aço verde".

Além de assinar o acordo de parceria, Starmer visitará um hospital ucraniano que depende da ajuda britânica para operar durante a guerra e uma escola que fará parte de um programa para ligar crianças em idade escolar dos dois países.

Keir Starmer visitou a Ucrânia em 2023 na qualidade de líder da oposição britânica.


Esta quinta-feira, o primeiro-ministro britânico vai também anunciar uma ajuda suplementar de 47,4 milhões de euros para a recuperação económica da Ucrânia, segundo Downing Street.

O Reino Unido é um dos principais apoiantes militares de Kiev. Em particular, fornece ao exército ucraniano os mísseis Storm Shadow, que Kiev utiliza para atingir alvos militares e energéticos em solo russo, uma linha vermelha para Moscovo.

Londres prometeu 15,2 mil milhões de euros em ajuda militar e civil à Ucrânia desde a invasão russa em fevereiro de 2022 e treinou mais de 50 mil soldados ucranianos em solo britânico, de acordo com dados oficiais.

Em julho de 2024, o Governo trabalhista prometeu mais de 3.560 milhões de euros por ano, até 2030-2031, em apoio militar a Kiev.

O tratado e a declaração política, que serão apresentados ao parlamento britânico nas próximas semanas, reforçarão a colaboração militar, procurando fortalecer a segurança no Mar Báltico, no Mar Negro e no Mar de Azov e impedir a atual agressão russa.

O tratado também abrangerá áreas como a energia, os minerais críticos e a produção de aço verde, entre outras, frisou o gabinete de Starmer em comunicado.

A visita de Starmer a Kiev ocorre numa altura em que o exército ucraniano se debate há vários meses em diversos sectores da linha da frente, face a um exército russo maior e mais bem armado.

Esta quinta-feira, a Força Aérea ucraniana revelou que abateu 34 dos 55 drones lançados pela Rússia na última noite. Os drones foram abatidos em 11 regiões da Ucrânia.

c/agências
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