Putin celebra a captura total da cidade ucraniana de Pokrovsk

A Rússia capturou a cidade de Pokrovsk (Donetsk), no leste da Ucrânia, um importante centro logístico para as forças ucranianas.

Cristina Sambado - RTP /
Russian Defence Ministry/Handout via Reuters

O presidente Vladimir Putin celebrou a tomada total da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, pelas tropas russas, considerando-a uma importante vitória após uma longa campanha.

Segundo Putin, a medida ajudará Moscovo a atingir os seus objetivos de guerra mais amplos.

"Quero agradecer. Esta é uma direção importante. Todos nós compreendemos a sua importância", disse Putin, vestido com um uniforme militar e sentado num centro de comando, aos altos escalões do exército num vídeo divulgado pelo Kremlin na noite de segunda-feira.

A Rússia, que usa o nome da era soviética Krasnoarmeysk para se referir à cidade, enfrenta uma forte resistência ucraniana na sua batalha desde meados de 2024 para capturar Pokrovsk, que já foi um centro logístico estratégico para o exército ucraniano. "Isto garantirá soluções para as tarefas que definimos inicialmente no início da operação militar especial", acrescentou, usando a frase que Moscovo usa para descrever a sua campanha militar de quase quatro anos na Ucrânia.

Quanto aos grupos Central e Oriental, aqui, ao longo de toda a linha de contacto de combate, a iniciativa está inteiramente nas mãos das nossas Forças Armadas", acrescentou Putin, citado pela agência de notícias russa TASS, durante a sua visita ao comando militar das tropas que combatem na Ucrânia.

Putin referiu-se especificamente ao "ritmo de avanço" do grupo Vostok, que se está a aproximar da cidade de Huliaipole.


"O chefe do Estado-Maior General, Valery Gerasimov, informou Vladimir Putin sobre a libertação das cidades de Krasnoarmeysk (nome russo para Pokrovsk) e Vovchansk", declarou o Kremlin (presidência russa) na rede social Telegram.

Segundo o Kremlin, o relatório foi entregue ao presidente russo no domingo à noite, mas a informação só foi divulgada na noite de segunda-feira.

O Kremlin também relatou avanços em Dimitrov, onde as forças militares russas supostamente controlam a parte sul da cidade, e na parte sul da linha da frente, onde teriam alcançado o rio Gaichur.

Em novembro, a Rússia conquistou 701 km² à Ucrânia, o segundo maior avanço depois do de novembro de 2024 (725 km²), excluindo os meses iniciais da guerra na primavera de 2022.Putin, envergando uniforme militar durante a visita, agradeceu aos militares pela captura das cidades e enfatizou a importância deste setor da frente ucraniana.

A conquista de Pokrovsk, dá a Moscovo uma plataforma para avançar para norte em direção às duas maiores cidades restantes controladas pela Ucrânia na região de Donetsk, Kramatorsk e Sloviansk.


Não houve comentários imediatos da Ucrânia, que afirmou nas últimas semanas estar a conter as forças russas no norte da cidade. 

As Forças Armadas da Ucrânia garantiram esta terça-feira que os combates continuam na cidade Pokrovsk. "As operações de busca e assalto bem como de eliminação da presença inimiga nas zonas urbanas continuam em Pokrovsk", lê-se em comunicado do exército ucraniano.
A importância de PokrovskA Rússia ameaça Pokrovsk há mais de um ano. Em vez de ataques frontais como fez em batalhas anteriores, como a sangrenta campanha pela cidade de Bakhmut, de dimensão semelhante, as forças armadas russas têm utilizado uma estratégia de pinça para cercar gradualmente Pokrovsk e ameaçar as linhas de abastecimento ucranianas.

As forças russas têm hostilizado as tropas ucranianas enviando pequenas unidades e drones para travar a logística e semear o caos antes de enviar reforços maiores.A Ucrânia afirma que a ofensiva russa resultou em enormes perdas para as suas forças. Moscovo alega que é a Ucrânia, com uma população significativamente mais pequena, que corre o risco de ficar sem homens e que as suas táticas mais lentas visam minimizar as baixas.

Uma incursão das forças ucranianas na região russa de Kursk, no ano passado, que Moscovo repeliu, abrandou o ataque russo a Pokrovsk.

Pokrovsk é um entroncamento rodoviário e ferroviário na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, com uma população de cerca de 60 mil pessoas antes da guerra. Antes, era um importante centro logístico para o exército ucraniano, uma vez que está situada numa estrada crucial que as tropas utilizavam para abastecer outros postos avançados sitiados ao longo da linha da frente.

No entanto, a maioria das pessoas fugiu, todas as crianças foram retiradas e poucos civis permanecem no meio de prédios de apartamentos destruídos e estradas esburacadas.

A única mina de carvão metalúrgico da Ucrânia - utilizado na sua antiga e vasta indústria siderúrgica - fica a cerca de 10 quilómetros a oeste de Pokrovsk. As operações de mineração foram suspensas.

Pokrovsk alberga também a maior universidade técnica da região, que está agora abandonada e danificada pelos bombardeamentos.

A Rússia quer tomar toda a região de Donbas, que inclui as províncias de Luhansk e Donetsk. A Ucrânia ainda controla cerca de 10 por cento do Donbas - uma área de cerca de cinco mil quilómetros quadrados (1.930 milhas quadradas) principalmente no norte de Donetsk.

A captura de Pokrovsk e Kostiantynivka, a nordeste, cidades que as forças russas também tentam cercar, daria a Moscovo uma plataforma para avançar em direção a norte, em direção às duas maiores cidades ainda controladas pela Ucrânia em Donetsk: Kramatorsk e Sloviansk.

Isto deixaria também a região de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, a oeste, onde as forças russas afirmam já ter estabelecido uma posição, mais vulnerável aos avanços russos.

Pokrovsk é a conquista territorial mais importante de Moscovo dentro da Ucrânia desde a tomada da cidade destruída de Avdiivka, no início de 2024.

Moscovo quer convencer o Ocidente de que a captura do resto da região de Donetsk é inevitável e que seria melhor para Kiev entregá-la voluntariamente como parte de um acordo de paz.

A Ucrânia, que até agora rejeitou esta ideia, está ansiosa por mostrar aos parceiros ocidentais que pode impor um preço elevado aos russos por ganhos territoriais relativamente modestos e, por isso, merece a continuidade da ajuda militar e financeira.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirma que o Donbas faz agora parte legalmente da Rússia. Kiev e a maioria das Nações ocidentais rejeitam a posse do território por parte de Moscovo, considerando-a uma apropriação ilegal.

c/agências 
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