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Guerra na Ucrânia
Quem são os mercenários do Grupo Wagner que estão na Ucrânia?
Conhecido como o "exército particular de Putin", o Grupo Wagner estará a combater no leste da Ucrânia. Segundo a inteligência militar britânica, pelo menos mil mercenários pertencentes a esta organização paramilitar russa foram enviados, desde fevereiro, para território ucraniano.
“As forças russas continuam a consolidar-se e a organizar-se à medida que intensificam a ofensiva na região do Donbass, no leste da Ucrânia”, declarou o Ministério da Defesa do Reino Unido, numa publicação no Twitter.
“Tropas russas, incluindo mercenários da organização militar privada Wagner, ligada ao Estado russo, estão a ser transferidas para a região", acrescenta.
Jeremy Fleming, chefe da agência de inteligência britânica GCHQ, disse que o grupo de mercenários provavelmente está a ser usado para minimizar as perdas militares oficiais russas. Além disso, Moscovo pode, assim, negar as violações de direitos humanos cometidas pelos combatentes Wagner.
“Tropas russas, incluindo mercenários da organização militar privada Wagner, ligada ao Estado russo, estão a ser transferidas para a região", acrescenta.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 4 April 2022
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) April 4, 2022
Find out more about the UK government's response: https://t.co/vU5ocGdpuw
🇺🇦 #StandWithUkraine 🇺🇦 pic.twitter.com/b6zWoAJQ2e
No início de fevereiro, ainda antes da invasão russa à Ucrânia, a inteligência militar britânica alertou que Moscovo teria retirado parte dos mercenários do Grupo Wagner que estavam na República Central Africana e os estaria a enviar para a Ucrânia.
Na altura, a notícia avançada pela imprensa citava dois oficiais do exército da RCA que garantiam que um número sem precedentes de mercenários russos, pertencentes a esta organização, tinha deixado o país rumo à Europa Oriental em janeiro. Segundo as mesmas fontes, mais soldados russos estavam a preparar-se para partir de África, nas semanas seguintes.
Mais recentemente, a 29 de março, a Newsweek divulgou informação de que o grupo Wagner estava a enviar pelo menos mil mercenários para o leste da Ucrânia. E já no início de março, os militares ucranianos tinham relatado confrontos perto de Kiev com membros do grupo militar privado.
Na altura, a notícia avançada pela imprensa citava dois oficiais do exército da RCA que garantiam que um número sem precedentes de mercenários russos, pertencentes a esta organização, tinha deixado o país rumo à Europa Oriental em janeiro. Segundo as mesmas fontes, mais soldados russos estavam a preparar-se para partir de África, nas semanas seguintes.
Mais recentemente, a 29 de março, a Newsweek divulgou informação de que o grupo Wagner estava a enviar pelo menos mil mercenários para o leste da Ucrânia. E já no início de março, os militares ucranianos tinham relatado confrontos perto de Kiev com membros do grupo militar privado.
Também no mês passado, a Defesa britânica divulgou relatórios que indicavam que os mercenários do Grupo Wagner tinham sido enviados para a Ucrânia, pelo presidente russo, com a missão de assassinar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, depois deste ter assumido ser o "alvo número um" do Kremlin.
Jeremy Fleming, chefe da agência de inteligência britânica GCHQ, disse que o grupo de mercenários provavelmente está a ser usado para minimizar as perdas militares oficiais russas. Além disso, Moscovo pode, assim, negar as violações de direitos humanos cometidas pelos combatentes Wagner.
O que é o Grupo Wagner?
O Grupo Wagner, que ganhou notoriedade internacional pela primeira vez na Ucrânia no auge da incursão de 2014, enviou mais de 1.100 russos para a RCA. No continente africano, os seus combatentes também tem estado envolvidos na Líbia, Sudão, Moçambique e Mali.
Embora o Kremlin sempre tenha negado as alegadas ligações do Governo russo ao Grupo Wagner, a verdade é que já foram enviadas forças especiais para várias zonas de combate, inclusive em África, de acordo com a própria política externa de Vladimir Putin. Há quem apelide estes combatentes de “exército privado” do presidente russo.
A organização foi fundada por Dmitry Utkin, antigo membro das Forças Especiais russas e atualmente está sob sanções dos Estados Unidos e a União Europeia por ajudar separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia. Estes mercenários são acusados por países ocidentais, como França, Reino Unido e Alemanha, de realizar operações clandestinas desestabilizadoras ao serviço de Moscovo em países em conflito, como a Ucrânia ou em nações africanas.
Embora o Kremlin sempre tenha negado as alegadas ligações do Governo russo ao Grupo Wagner, a verdade é que já foram enviadas forças especiais para várias zonas de combate, inclusive em África, de acordo com a própria política externa de Vladimir Putin. Há quem apelide estes combatentes de “exército privado” do presidente russo.
A organização foi fundada por Dmitry Utkin, antigo membro das Forças Especiais russas e atualmente está sob sanções dos Estados Unidos e a União Europeia por ajudar separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia. Estes mercenários são acusados por países ocidentais, como França, Reino Unido e Alemanha, de realizar operações clandestinas desestabilizadoras ao serviço de Moscovo em países em conflito, como a Ucrânia ou em nações africanas.
O criador desta organização é um veterano das guerras da Chechénia, ex-oficial das forças especiais e tenente-coronel do GRU, o serviço de inteligência militar da Rússia.
Como explicou à BBC Tracey German, o Grupo Wagner entrou em ação pela primeira vez durante a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
"Acredita-se que este mercenários sejam alguns dos 'homenzinhos verdes' que ocuparam a região", detalhou a professora de Conflito e Segurança do King's College London. "Cerca de mil dos seus mercenários apoiaram as milícias pró-russas que lutavam pelo controlo das regiões de Luhansk e Donetsk".
Como explicou à BBC Tracey German, o Grupo Wagner entrou em ação pela primeira vez durante a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
"Acredita-se que este mercenários sejam alguns dos 'homenzinhos verdes' que ocuparam a região", detalhou a professora de Conflito e Segurança do King's College London. "Cerca de mil dos seus mercenários apoiaram as milícias pró-russas que lutavam pelo controlo das regiões de Luhansk e Donetsk".
"Gerir um exército mercenário é contra a constituição russa", acrescentou. "No entanto, o Grupo Wagner fornece ao Governo uma força que é inegável. Pode envolver-se no exterior e o Kremlin pode dizer que 'não tem nada a ver connosco'".
De acordo com as informações da inteligência militar britânica, Utkin já terá sido chefe de segurança de Yevgeny Prigozhin, um oligarca russo com laços estreitos ao Kremlin e que se tornou famoso como dono de um restaurante frequentado pelo presidente russo, sendo conhecido por “chef de Putin”. E os dados levam a crer que Progozhin financie o Grupo Wagner, embora o mesmo o negue.
Sabe-se, no entanto, que a organização recrutou muitos militares da agência de inteligência militar russa conhecida como GRU.
Sabe-se, no entanto, que a organização recrutou muitos militares da agência de inteligência militar russa conhecida como GRU.