Rússia anuncia ofensiva na região ucraniana de Dnipropetrovsk

O exército russo anunciou este domingo que está a levar a cabo uma ofensiva na região ucraniana de Dnipropetrovsk, na fronteira com Donetsk, a primeira em mais de três anos de conflito.

Cristina Sambado - RTP /
Anadolu via AFP

“Unidades da 90ª divisão blindada (...) alcançaram a fronteira ocidental da República Popular de Donetsk e continuam a conduzir a ofensiva no território da região de Dnipropetrovsk”, escreveu o exército russo no Telegram, usando o nome que Moscovo utiliza para a região anexada de Donetsk.

Moscovo anunciou também a tomada da pequena aldeia de Zarya, na região de Donetsk.

O chefe do conselho regional de Dnipropetrovsk, Mykola Loukachouk, revelou na rede social Telegram que, “a Rússia “atingiu a localidade de Mejivska, no distrito de Synelnykivskyi, com uma bomba guiada. Uma pessoa morreu”.

Mykola Loukachouk também mencionou ataques combinados na área vizinha de Nikopol, referindo-se a “drones , artilharia e sistemas de lançadores múltiplos de foguetes +Grad”. Que danificaram linhas elétricas e quatro casas particulares da cidade.

A entrada do exército russo na região de Dnipropetrovsk marca um novo revés simbólico para as forças ucranianas, que se debatem na frente de batalha devido à falta de homens e de armas.

Para além do aspeto simbólico, este avanço das tropas de Moscovo pode também ter um valor estratégico no terreno, no meio das discussões diplomáticas promovidas por Washington para uma resolução do conflito.

Muitos ucranianos que fugiam dos combates nas regiões orientais de Donetsk e Lugansk encontraram refúgio nesta região após o ataque inicial das tropas russas.


Antes da ofensiva russa de fevereiro de 2022, cerca de três milhões de pessoas viviam na região de Dnipropetrovsk, incluindo cerca de um milhão na capital regional, Dnipro, que é regularmente alvo de ataques mortais de drones e mísseis.

Estes ataques surgem quando Moscovo e Kiev se acusam mutuamente de perturbar uma troca de prisioneiros que deverá ter lugar este fim de semana, o único resultado concreto das conversações diretas realizadas no início da semana, mais de três anos após o lançamento da invasão russa em fevereiro de 2022.

Na noite anterior, a Rússia efetuou grandes ataques, matando dez pessoas em território ucraniano. Moscovo tinha prometido uma “retaliação” pela destruição de parte da sua frota de combate aéreo pelas forças ucranianas.
Troca de drones entre Kiev e Moscovo O Ministério russo da Defesa informou do abate de 64 “drones ucranianos sobre sete regiões da Rússia e sobre a península da Crimeia.

“Entre as 23h00 e as 07h30, hora de Moscovo, a defesa antiaérea russa intercetou e destruiu 61 “drones de asa fixa sobre os territórios de Briansk, Belgorod, Kaluga, Tula, Oriol, Kursk, região de Moscovo e sobre a Crimeia», comunicou o comando militar russo no Telegram.

Pelas 09h00 (hora de Moscovo), a Defesa russa atualizou o número, acrescentando mais três “drones abatidos nas regiões de Belgorod, Briansk e Tula.

O governador de Briansk, Alexandr Bogomaz, referiu que 10 “drones inimigos foram abatidos sobre a sua região, sem que tenham sido registados feridos ou danos. Já o homólogo de Kaluga, Vladislav Shapshá, informou que foram destruídos sete “drones e que três casas do distrito de Borovski sofreram “danos ligeiros” em telhados e janelas.

O autarca de Moscovo, Serguei Sobianin, comunicou igualmente o abate de 10 “drones ao longo da noite, sendo o último posterior à nota mais recente do Ministério da Defesa, elevando para 65 o total de aparelhos não tripulados derrubados.

Devido aos ataques contra a capital russa — que, segundo serviços de monitorização de “drones divulgaram nas redes sociais russas, visaram Moscovo a partir de três direções, a sul e a oeste — os aeroportos de Domodedovo, Zhukovski e Vnukovo foram temporariamente forçados a suspender as operações.

Um ataque de drones ucranianos também provocou um incêndio de curta duração na fábrica de produtos químicos Azot na região de Tula, ferindo duas pessoas, e sete “drones foram destruídos na região de Kaluga, avançaram os governadores regionais. As duas zonas fazem fronteira com a região de Moscovo, a sul da capital.

O governador da região de Tula, cerca de 200 quilómetros a sul de Moscovo, Dmitri Miliayev, deram conta de um incêndio na fábrica de azoto e amoníaco Azot após ter sido atingida por um drone ucraniano.

As defesas antiaéreas do Ministério da Defesa da Rússia continuam a proteger os habitantes de Tula contra-ataques inimigos. Vários alvos aéreos foram abatidos. Na sequência da queda de um drone, deflagrou um incêndio na Azot. O fogo foi extinto", afirmou o responsável, numa mensagem publicada na plataforma Telegram.

Miliayev acrescentou que duas pessoas ficaram feridas no incidente, embora não estejam em perigo.

O governador indicou ainda que o serviço russo de proteção do consumidor (Rospotrebnadzor) e entidades ambientalistas locais estão a monitorizar uma eventual contaminação ambiental provocada pelo incêndio na fábrica química, mas até ao momento não foram detetados níveis de poluição acima do permitido.

A Rússia e a Ucrânia aumentaram os seus ataques nas últimas semanas, enquanto regressaram às negociações de paz pela primeira vez desde os primeiros dias da guerra que a Rússia lançou contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.Por outro lado, a Ucrânia anunciou este domingo que conseguiu neutralizar 40 dos 49 “drones lançados pela Rússia durante a madrugada.

Na capital ucraniana, no habitual relatório matinal, a Força Aérea local referiu que os aparelhos não tripulados, tanto do tipo Shahed (suicidas), como drones de réplica, foram lançados a partir das regiões russas de Milerovo, Kursk e Primorsko-Ajtarsk.

No total, 22 drones foram abatidos por tiros, enquanto os restantes 18 foram neutralizados no terreno ou devido a medidas de guerra eletrónica.

Foi ainda detetado um míssil antinavio Onyx, lançado a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia, assim como dois mísseis guiados Kh-59/69, provenientes do espaço aéreo da zona ocupada da região ucraniana de Zaporizhia.

Segundo a Força Aérea, a maioria dos ataques teve como alvo as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste do país.

As autoridades da região sul de Mykolaiv relataram também o impacto de dois mísseis e de vários “drones na localidade de Kostiantinivka, onde deflagrou um incêndio num armazém e foi danificado equipamento agrícola ali guardado, sem que tenham sido reportados feridos.

c/ Agências
Tópicos
PUB