Rússia diz ter neutralizado "operações de sabotagem" em Belgorod

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Imagem divulgada pelo Ministério russo da Defesa de um ataque das forças armadas russas contra militantes ucranianos na região de Belgorod. Ministério russo da Defesa via Reuters

O Kremlin garante ter já sob controlo a ofensiva lançada esta segunda-feira sobre a região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia. Depois de os serviços de segurança FSB terem colocado o território sob "regime antiterrorista", Moscovo concentrou forças de combate em Belgorod para anular o que foram apelidadas de "ações de sabotagem" atribuídas às forças ucranianas, mas logo reclamadas por dois grupos paramilitares de cidadãos russos anti-Putin.

Vinte e quatro horas depois dos ataques que obrigaram à evacuação de pelo menos duas localidades na região de Belgorod – Grayvoron e Borissovka –, Moscovo disse esta tarde ter derrotado os grupos envolvidos na ação e que a Rússia identificou como ucranianos que atravessaram a fronteira para território russo.

Moscovo registou a morte de 70 dos atacantes insistindo tratar-se de combatentes ucranianos, apesar de Kiev negar qualquer envolvimento nestas ações militares em território russo.

“Trata-se de patriotas russos que querem mudar o regime político no país”, declarou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, à televisão do país.

Dando suporte à tese oficial de Kiev, dois grupos paramilitares de cidadãos russos anti-Putin estão a ser apontados como responsáveis pelos ataques: o Corpo Voluntário Russo e a Legião da Rússia Livre, com este último a divulgar nas últimas horas um vídeo contestando a política “de mentiras, censura e privação da liberdade” imposta pelo presidente Vladimir Putin.

Entretanto, os serviços secretos britânicos falam de três pontos de confrontos em Belgorod que terão sido motivados por “contestação interna”.

Oficialmente, o Ministério russo da Defesa fala na invasão do seu território por parte de uma “unidade da formação nacionalista ucraniana” responsável por intensos bombardeamentos no posto de controlo de Kozinka e no distrito de Gravoronsky.

Em comunicado publicado esta tarde no Telegram, o Ministério garante que 70 "terroristas ucranianos" foram mortos e o resto dos combatentes empurrados de volta para a fronteira ucraniana.

Entretanto, o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, deixou o registo de uma morte e vários feridos durante a operação de evacuação levada ontem a cabo pelas autoridades russas na região.

Vyacheslav Gladkov apelou ainda aos habitantes que foram obrigados a deixar as suas casas para não pensarem para já no regresso, uma vez que as forças russas estão ainda envolvidas no que chamam de “operação de limpeza”. Desde ontem que Moscovo mobilizou as suas forças para a região, tendo sido repelidos durante a noite ataques de drones dirigidos a vários edifícios, sendo um desses alvos a sede russa do FSB, de acordo com a inglesa BBC.

“Os drones foram abatidos pelo sistema de defesa aérea da região de Belgorod. Segundo os dados disponíveis, não há vítimas”, escrevia esta manhã o governador na plataforma Telegram.

Os ataques com drones atingiram também vários edifícios de habitação na cidade de Grayvoron e na vila de Borissovka.

“Não se registou a mortes de civis nas últimas horas. Todas as ações necessárias por parte das autoridades estão a ser realizadas. Aguardamos a conclusão da operação antiterrorista”, acrescentou Vyacheslav Gladkov.

A meio da tarde as autoridades russas anunciaram o levantamento do regime antiterrorista na região: "Foi tomada a decisão de cancelar o regime de operação antiterrorista na região de Belgorod", escreveu Gladkov no Telegram.

Num balanço final das operações, o governo local apontou que, "das ações criminosas dos sabotadores, 13 civis sofreram ferimentos de vários graus, e estão a receber assistência médica", confirmando ainda a morte de uma mulhar de 82 anos "por insuficiência cardíaca".

"Durante a inspeção da cena do crime, foram encontrados e apreendidos meios de transporte utilizados pelos sabotadores, armas automáticas e munições. Os sapadores desminaram o território em busca de engenhos explosivos", acrescentou o governo de Belgorod.
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