Rússia afirma ter repelido "ofensiva em larga escala" em Donetsk

por Inês Moreira Santos - RTP
Soldados ucranianos da 55ª Brigada Separada de Artilharia alvejam posições russas em Avdiivka, na região de Donetsk, com uma bateria Howitzer Viacheslav Ratynskyi - Reuters

A Rússia afirma que repeliu, na madrugada desta segunda-feira, uma "ofensiva em larga escala" orquestrada pelas forças ucranianas na região de Donetsk, tendo matado cerca de 250 militares e destruído dezenas de veículos de combate ucranianos. Embora a Ucrânia venha a prometer há meses uma ofensiva contra Moscovo, Kiev não confirmou qualquer ataque nesta região anexada pelas forças russas no outono passado e acusou o Kremlin de "espalhar mentiras".

"Na manhã de 4 de junho, o inimigo lançou uma ofensiva em grande escala em cinco setores da frente na direção de Yuzhnodonetsky", disse o Ministério russo da Defesa, em comunicado.

"O objetivo do inimigo era romper as nossas defesas no setor que acredita ser o mais vulnerável. O inimigo não alcançou o seu objetivo, não conseguiu".

Na mesma nota, as autoridades russas relataram que o exército ucraniano liderou esta ofensiva com seis batalhões mecanizados e dois batalhões de tanques. O porta-voz do Ministério, Igor Konashenkov, disse que 250 militares ucranianos foram mortos e 16 tanques, três veículos de combate e 21 blindados ucranianos foram destruídos.
Um vídeo publicado pelo Ministério na plataforma Telegram mostra alegados veículos blindados ucranianos, filmados do ar, a serem destruídos pelas forças russas perto da cidade de Velyka Novosilk, nos arredores da cidade de Donetsk. Contudo, as agências de notícias internacionais referem que é impossível garantir que os vídeos são recentes.

"Há uma luta difícil a acontecer”, escreveu ainda o proeminente bloguer militar russo Semyon Pegov, nas suas plataformas digitais, citado pela Reuters.

Numa rara menção à presença dos principais líderes militares da Rússia em operações no campo de batalha, Konashenkov disse que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Russas, general Valery Gerasimov, "estava num dos postos de comando avançados" - menção que surgiu depois das críticas do chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, de que os principais líderes militares não têm sido vistos na frente de batalha nem assumido o controlo ou responsabilidade pelas operações militares na Ucrânia.
Kiev não confirma ofensiva
Há meses que Kiev afirma estar a preparar-se para uma grande ofensiva contra as forças de ocupação de Moscovo, numa tentativa de reconquistar territórios perdidos desde a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022. Mas num vídeo divulgado no domingo, os líderes militares ucranianos disseram que não haveria qualquer anúncio público sobre o início da ofensiva.

Já na atualização diária do Estado-Maior da Uncrânia foram relatados 29 confrontos nas regiões de Donetsk e Luhansk e 15 ataques aéreos contra tropas inimigas em todo o país.

“Palavras são muito desnecessárias, só podem fazer mal”, escreveu no Twitter o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, citando a música “Enjoy the silence”, dos Depeche Mode.

O comandante das forças terrestres da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, disse já esta segunda-feira que as forças ucranianas continuaram "a avançar" perto da cidade de Bakhmut, no norte de Donetsk, mas não fez comentários sobre a alegada ofensiva.

E o Centro de Comunicações Estratégicas da Ucrânia não referiu diretamente as acusações russas, mas disse, sem fornecer provas, que a Rússia estava a tentar espalhar mentiras.

"Para desmoralizar os ucranianos e enganar a comunidade (incluindo a sua própria população), os propagandistas russos espalham informações falsas sobre a contra-ofensiva, as suas direções e as perdas do exército ucraniano".

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