Ucrânia. Putin admite garantir segurança em caso de eleições presidenciais
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, assegurou hoje que estava disposto a garantir a segurança na Ucrânia se fossem convocadas eleições presidenciais, mas descartou um possível cessar-fogo.
"Estamos dispostos a pensar em como garantir a segurança em caso de eleições na Ucrânia", disse Putin ao responder numa conferência de imprensa em direto a perguntas de jornalistas e de cidadãos russos num balanço de 2025.
"Nem que seja cessar, abster-se de realizar ataques na retaguarda no dia das eleições", afirmou, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Putin recordou que a Rússia realizou, durante os últimos quatro anos, eleições presidenciais, regionais e municipais, nas quais votaram os ucranianos das zonas ocupadas que receberam passaporte russo.
"Quem garantiu a segurança? Pelo contrário, eles [os ucranianos] tentaram miná-la para comprometer a estabilidade interna e atacaram diretamente as assembleias de voto. Nunca esquecerei quando surgiu essa ameaça", disse.
Putin sugeriu que as autoridades ucranianas "poderiam, se quisessem, fazer o mesmo" e promover a eleição de um novo Presidente da República, por ter terminado o mandato do atual.
Volodymyr Zelensky foi eleito em 2019, e novas eleições estavam previstas para 2024, mas foram adiadas por estar em vigor a lei marcial devido à guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022.
Moscovo tem usado repetidamente a decisão de Kiev de adiar as eleições para contestar a legitimidade de Zelensky, com Putin a defender que qualquer acordo só poderia ser assinado pelo presidente do parlamento ucraniano.
"Estou de acordo que as autoridades na Ucrânia devem ser de uma vez por todas legítimas e, sem realizar eleições, isso é impossível", afirmou o líder russo.
Putin disse também que em território russo vivem "milhões de cidadãos da Ucrânia, segundo diferentes cálculos, entre cinco e 10 milhões, que têm direito de voto".
"Se houver eleições, então temos o direito de exigir a quem as organizar (...) que seja concedido o direito aos ucranianos que vivem agora na Rússia de votarem em território da Federação Russa", afirmou.
Putin considerou ainda como "uma escolha errada" que Zelensky pretendesse "utilizar as eleições exclusivamente para travar o avanço imparável das tropas russas".
Perante a insistência do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que Kiev aproveitava a guerra para adiar o escrutínio, Zelensky mostrou-se recentemente disposto a convocar eleições se o Ocidente garantisse a segurança.