O Instituto para o Estudo da Guerra, um influente centro de reflexão com sede em Washington, conclui que a Rússia está a resolver problemas logísticos e pode atacar Kiev nos próximos dias.
O sucesso estará dependente da forma como os russos conseguirem “reabastecer, reorganizar e planear” após uma invasão inicial que os especialistas acreditam que se desfez devido a suposições falhas – onde os militares não se prepararam, em primeira instância, para uma ofensiva terrestre estratégica contra uma Ucrânia determinada e hostil, refere o Guardian.
“As forças russas estão a consolidar-se a preparar-se para novas operações ao longo da periferia oeste e leste de Kiev, especialmente na área de Irpin no oeste e na área de Brovary no leste”, refere o Instituto, que assume que as forças russas continuam os preparativos para um ataque a Kiev nos próximos dias. “Eles obtiveram ganhos limitados, mas notáveis, nos arredores do noroeste de Kiev e continuaram a concentrar forças para um ataque à cidade”, acrescenta.
"Nenhuma parte da operação militar parecia racional ou o que se esperaria que eles fizessem", disse Michael Kofman, diretor do programa sobre a Rússia no centro de estudos CNA, citado pelo Guardian, referindo ainda unidades levemente blindadas fizeram tentativas fracassadas de marchar para Kiev e Kharkiv nos primeiros dias do conflito. Kofman acredita que foi dito aos soldados russos que iriam “ajudar os ucranianos a libertarem-se”.
Neste ataque à capital, destacou-se a coluna de veículos militares que rumava a Kiev e que se estendeu por dezenas de quilómetros, ficando estagnada, com veículos sem combustível ou a dar problemas. Criou-se um problema de filas de veículos, com poucas estradas alternativas e com bordas enlameadas que dificultavam manobras.
Falando em um evento organizado pelo centro de estudos Rusi (Royal United Services Institute), Kofman disse acreditar que “o problema de logística está sobrevalorizado” e que o problema enfrentado pelos invasores é mais básico: era “extremamente difícil desfazer” o congestionamento criado nas estradas. “Os militares muitas vezes têm que aprender os problemas da maneira mais difícil”, acrescentou.
Os especialistas consideram que o problema criado nesta coluna vinda do Norte não se replicou noutros locais.
Por outro lado, as forças ucranianas não conseguiram fazer qualquer tentativa para tentar destruir a coluna, demonstrando a fragilidade das forças armadas, acrescenta o Guardian.
Mas, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, as forças ucranianas estão desafiando as linhas russas estendidas que vão de Sumy, que as forças russas ainda não tomaram, até a periferia leste de Kiev.
Os peritos convergem na análise de que os próximo dias poderão ser críticos.