Zelensky e Trump deverão voltar a reunir-se à margem da cimeira da NATO

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Brian Snyder - Reuters

Está agendado para esta quarta-feira um encontro entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, à margem da cimeira da NATO, segundo informou à AFP um alto funcionário da presidência da Ucrânia. A cimeira arranca esta terça-feira em Haia, nos Países Baixos. Zelensky considera que o aumento dos gastos na Defesa na NATO é "lento" e Moscovo, por sua vez, critica a "militarização desenfreada" da aliança.

Um alto funcionário da presidência ucraniana adiantou à AFP que Volodymyr Zelensky e Donald Trump vão encontrar-se esta quarta-feira, “ao início da tarde”, à margem da cimeira da NATO.

Em declarações à Sky News, o presidente ucraniano confirmou o encontro, afirmando que as equipas “estão a trabalhar” para preparar esta reunião.

Segundo a fonte da AFP, Zelensky vai discutir "sanções contra a Rússia" e a compra de armas a Washington. As discussões vão focar-se na contínua "pressão" ocidental sobre a Rússia, incluindo "sanções" e a redução do preço de venda do barril de petróleo russo, que continua a ser uma fonte fundamental de receitas para Moscovo, permitindo-lhe financiar a guerra, acrescentou o responsável.

Outro ponto importante na agenda é a "compra" de armas norte-americanas por Kiev, "incluindo uma grande parte" de sistemas de defesa aérea. Os Estados Unidos têm sido o principal fornecedor de armas a Kiev desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, mas Donald Trump tem procurado aproximar-se da Rússia, marcando uma inversão da abordagem governamental do seu antecessor, Joe Biden, travando o fornecimento de ajuda militar à Ucrânia.

A confirmar-se, este será o segundo encontro entre os dois líderes desde a complicada reunião na Sala Oval da Casa Branca, em fevereiro, que terminou numa altercação verbal entre Zelensky e Trump. Depois disso, Zelensky e Trump apenas se encontraram brevemente em Roma, em abril, à margem do funeral do Papa Francisco.
Kremlin denuncia "militarização desenfreada" da NATO
A cimeira da NATO que arranca esta terça-feira em Haia, nos Países Baixos, deverá resultar no compromisso dos países-membros com um aumento drástico das suas despesas em segurança, sob pressão de Donald Trump.

O presidente ucraniano considera que a meta de gastos da NATO, fixada em 5% do PIB, é “baixa”, alertando que o presidente russo pode atacar um membro da aliança nos próximos cinco anos.

Moscovo, por sua vez, denunciou a "militarização desenfreada" da NATO. "A Aliança está a seguir com confiança o caminho da militarização desenfreada, a Europa está a seguir o caminho da militarização desenfreada. Esta é a realidade à nossa volta", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas esta terça-feira.

Desde o seu regresso à Casa Branca, Donald Trump tem exigido que os países da Aliança Europeia e o Canadá destinem pelo menos 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à defesa. Com esta exigência em mente, os 32 países-membros acordaram um compromisso: alocar, até 2035, 3,5% às despesas militares em sentido estrito e 1,5% às despesas de segurança em sentido amplo, como a cibersegurança ou a mobilidade militar.

A cimeira de dois dias pretende sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que a NATO está unida, apesar das críticas anteriores do presidente norte-americano à aliança.

Esta terça-feira, o secretário-geral da Aliança militar, Mark Rutte, garantiu que os EUA estão “totalmente comprometidos” com a NATO e que os aliados europeus não se devem preocupar.
"Há um compromisso total do presidente norte-americano e da alta liderança americana com a NATO", disse Rutte num fórum público antes da abertura formal da cimeira, acrescentando, no entanto, que tal apoio foi acompanhado da expectativa de que os países europeus e o Canadá gastem mais em defesa.

“A minha mensagem para os meus colegas europeus é: parem de se preocupar tanto, comecem a garantir que têm planos de investimento, que põem a base industrial a funcionar e que o apoio à Ucrânia se mantém a um nível elevado. É nisto que devem trabalhar. E parem de andar por aí preocupados com os EUA. Eles estão connosco”, asseverou.
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