EUA rejeitam na ONU crítica ao empenho de Israel em recuperar reféns
Os Estados Unidos consideraram esta quinta-feira "inapropriado" que qualquer país use o recente ataque de Israel ao Qatar para questionar o empenho de Telavive em recuperar os reféns retidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas.
Numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada para abordar o ataque de Telavive a Doha na terça-feira, a embaixadora norte-americana junto às Nações Unidas, Dorothy Shea, admitiu que a ofensiva israelita "não promove os objetivos de Israel ou dos Estados Unidos".
"O bombardeamento unilateral dentro do Qatar -- uma nação soberana que trabalha arduamente e assume riscos corajosamente ao lado dos Estados Unidos para intermediar a paz -- não promove os objetivos de Israel ou dos Estados Unidos", disse a diplomata.
Contudo, Shea considerou "inapropriado que qualquer membro use isso para questionar o empenho de Israel em trazer os seus reféns para casa".
Eliminar o Hamas, "que lucrou com a miséria dos que vivem em Gaza, é um objetivo nobre", acrescentou Shea, frisando que o grupo islamita "e outros terroristas não deverão ter futuro em Gaza".
A embaixadora indicou que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, falou na quarta-feira com o Presidente norte-americano, Donald Trump, a quem transmitiu o seu desejo de alcançar a paz.
"Apesar da natureza lamentável deste incidente, o Presidente Trump acredita que pode servir como uma oportunidade para a paz", insistiu a representante de Washington na ONU.
Trump garantiu ainda às autoridades do Qatar que um ataque semelhante ao de terça-feira "não se repetirá", assegurou Shea.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023 e as represálias israelitas na Faixa de Gaza, o Conselho de Segurança ficou em grande parte paralisado sobre esta questão devido aos repetidos vetos, particularmente dos Estados Unidos, o maior aliado de Telavive.
A diplomata norte-americana discursou hoje na presença do primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, que de deslocou a Nova Iorque para participar na reunião de emergência.
Na sequência do ataque, o primeiro-ministro Al Thani descreveu as ações israelitas como um ato de "terrorismo de Estado" que exige "uma resposta de toda a região".
Também destacou o papel do Qatar como mediador nas negociações de cessar-fogo entre o Hamas e Israel --- um papel que desempenha ao lado do Egito e dos EUA --- e enfatizou que os membros do Hamas visados por Israel estavam reunidos para discutir a mais recente proposta de cessar-fogo apresentada por Washington.
Nesse sentido, o líder argumentou que o ataque demonstrou que Israel negoceia de má-fé.
Na reunião de hoje, a subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary A. DiCarlo, considerou o ataque "uma escalada alarmante", especialmente porque teve como alvo indivíduos que estariam reunidos para discutir a mais recente proposta para um cessar-fogo e um acordo para a libertação de reféns em Gaza.