Fome e morte sem precedentes não podem continuar em Gaza exige presidente do PE

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, condenou hoje a "situação de fome e de morte a uma escala sem precedentes" em Gaza devido à ofensiva israelita, sublinhando que isso "não pode continuar".

Lusa /
Haitham Imad - EPA

"Já estive na Cisjordânia, já estive em Gaza e a situação [na Palestina] não pode continuar, não pode", afirmou a líder da assembleia europeia em entrevista à Lusa e outras agências europeias no âmbito do projeto Redação Europeia (European Newsroom, na sigla inglesa), à margem da sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo.

Para Roberta Metsola, "a humanidade deve continuar a ser sempre a prioridade número um", apesar das diferentes posturas entre os Estados-membros da União Europeia (UE) sobre o conflito entre o grupo islamita Hamas e Israel, alguns favoráveis a Telavive e que se recusam a condenar a ofensiva israelita que já matou milhares de pessoas na Palestina.

"Temos vindo [Parlamento Europeu] a apelar a um cessar-fogo permanente desde o início e sabemos claramente que somos [na UE] o principal fornecedor de ajuda humanitária e é evidente para todos que essa ajuda não está a chegar, que os reféns não foram devolvidos e que estamos a assistir a uma situação de fome e de morte a uma escala sem precedentes", elencou.

Apesar de admitir que a situação na região "não é fácil de resolver", Roberta Metsola questionou "que tipo de pressão sobre Israel será necessária" e porque é que "a ajuda humanitária não chega às pessoas que estão a morrer de fome".

"É uma questão de [essa ajuda] não chegar ou uma questão de não se distribuir? E porque é que as bombas continuam a cair sobre civis inocentes?", acrescentou.

Ao mesmo tempo, perguntou: "Onde é que vamos começar a procurar realisticamente uma solução de dois Estados, que tem sido a nossa posição desde há décadas? Onde é que existe também um forte entendimento [...] de que uma Gaza governada pelo Hamas não é uma solução sustentável?".

De acordo com Roberta Metsola, "a linguagem mudou" no seio da União Europeia devido à deterioração da situação em Gaza.

"E penso que há um apelo cada vez maior para que se encontre, por mais difícil que seja, uma solução para este conflito", adiantou.

A posição surge quando se assinalam quase dois anos de guerra que, desde 07 de outubro de 2023, já fez mais de 64 mil mortos e mais de 160 mil feridos sobretudo devido aos ataques israelitas contra civis, nomeadamente crianças, e profissionais como jornalistas, segundo números do Governo de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.

As autoridades do enclave palestiniano relataram 367 mortes confirmadas por fome, incluindo 131 crianças. Existem ainda relatos de quase dois milhões de pessoas deslocadas, o equivalente a cerca de 90% da população de Gaza.

A entrevista decorreu na véspera de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, proferir o seu discurso anual sobre o Estado da União, na sessão plenária em Estrasburgo.

Ursula von der Leyen tem enfrentado sérias críticas pela sua posição face ao conflito em Gaza, devido à sua resposta inicial considerada favorável a Israel e ao seu silêncio perante alegadas violações do direito internacional por parte de Telavive.

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