Guterres pede fim da ocupação israelita e considera "inaceitável" rejeição de dois Estados
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, considerou hoje "inaceitável" a "rejeição clara e repetida" do Governo de Israel à solução de dois Estados e afirmou que a ocupação israelita "tem de acabar".
Num debate de nível ministerial do Conselho de Segurança da ONU, com foco na questão da Palestina, Guterres enfatizou que um fim duradouro do conflito israelo-palestiniano só pode acontecer através de uma solução de dois Estados.
"A ocupação israelita tem de acabar. A rejeição clara e repetida (...) à solução de dois Estados aos mais altos níveis do Governo israelita é inaceitável. E isto apesar dos apelos mais fortes até mesmo dos amigos de Israel, incluindo aqueles sentados à volta desta mesa", apontou o líder da ONU.
"Esta recusa, e a negação ao povo palestiniano do direito à condição de Estado, prolongaria indefinidamente um conflito que se tornou uma grande ameaça à paz e à segurança globais. Isso exacerbaria a polarização e encorajaria os extremistas em todo o mundo", avaliou ainda.
De acordo com o ex-primeiro-ministro português, o "direito do povo palestiniano" de construir o seu próprio Estado totalmente independente "deve ser reconhecido por todos".
"Qualquer recusa em aceitar a solução de dois Estados por qualquer parte deve ser firmemente rejeitada", sublinhou.
Nos últimos dias, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tem insistido que os seus planos para o futuro da Faixa de Gaza após o hipotético fim da guerra com o Hamas passam por assumir o controlo total da segurança no enclave.
No sábado passado, Netanyhau indicou que reiterou junto do Presidente norte-americano, Joe Biden, essa sua oposição à "soberania palestiniana" na Faixa de Gaza, insistindo na exigência de segurança.
Na reunião de hoje, Guterres recordou que, nas últimas décadas, a solução de dois Estados foi muitas vezes "deixada moribunda", mas defendeu que a comunidade internacional tem um papel claro a desempenhar, apelando à união para apoiar israelitas e palestinianos na tomada de medidas concretas para avançar no processo de paz.
"É também a única forma de evitar ciclos intermináveis de medo, ódio e violência", disse.
O secretário-geral manifestou ainda "profunda preocupação" com os relatos sobre o "tratamento desumano" dado por Israel aos palestinianos detidos durante operações militares.