Líbano apresenta queixa no Conselho de Segurança da ONU contra muro israelita
O Líbano vai apresentar uma queixa urgente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas depois de confirmar que um muro de segurança israelita violou a fronteira entre os dois países, anunciou hoje a presidência libanesa.
Em comunicado na rede X, o Presidente libanês, Joseph Aoun, indicou ter dado orientações ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Youssef Raji, para "apresentar uma queixa urgente ao Conselho de Segurança contra Israel pela construção de um muro de betão na fronteira sul do Líbano que atravessa a Linha Azul, estabelecida após a retirada israelita em 2000".
O Presidente libanês solicitou que a queixa seja acompanhada de relatórios da ONU para refutar quaisquer desmentidos relativamente a esta estrutura" em alegada violação da linha desmilitarizada entre os dois países, acrescentou o comunicado.
A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) acusou na sexta-feira Israel de violar a soberania libanesa ao construir muros em território libanês perto da fronteira, alegações rejeitadas por Telavive.
Em comunicado, as forças de manutenção da paz da ONU afirmam que Israel ergueu muros de separação na região de Yaroun, "tornando mais de 4.000 metros quadrados de território libanês inacessíveis" aos habitantes.
Por sua vez, o exército israelita rejeitou as acusações, reconhecendo no entanto que está a erguer uma barreira de reforço ao longo da linha de demarcação entre Israel e o Líbano.
Este muro "faz parte de um plano mais vasto [do exército] cuja construção começou em 2022", disse um porta-voz militar israelita à agência de notícias France-Presse (AFP).
Israel tem bombardeado repetidamente o Líbano nas últimas semanas, apesar de um cessar-fogo em vigor desde novembro de 2024, que justifica com violações do entendimento por parte do grupo xiita libanês Hezbollah.
O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.
Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a direção do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros responsáveis da hierarquia política e militar do Hezbollah.
Desde o cessar-fogo, o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais e deslocou efetivos para a zona da fronteira com Israel, tradicionalmente um reduto do Hezbollah e onde as tropas israelitas ainda mantêm posições militares.
A FINUL termina o mandato em 2026, depois de quase cinco décadas no terreno.