Mediadores reúnem-se no Cairo para segunda fase de acordo para Gaza
Delegações do Egito, Qatar e Turquia --- mediadoras do cessar-fogo na Faixa de Gaza, com os Estados Unidos --- reuniram-se hoje no Cairo para discutir a segunda fase do acordo, segundo uma televisão estatal egípcia.
As conversações, que incluíram os chefes dos serviços de informações egípcios e turcos, bem como o primeiro-ministro do Qatar, centraram-se na coordenação com Washington para "a implementação bem-sucedida da segunda fase do acordo de cessar-fogo" entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, de acordo com o canal al-Qahera News.
Os mediadores concordaram em continuar a reforçar a cooperação com o Centro de Coordenação Civil-Militar (responsável pela monitorização do cessar-fogo e pela preparação da transição na Faixa de Gaza), indicou a mesma fonte.
O Egito, o Qatar, a Turquia e os Estados Unidos atuam como mediadores e garantes da frágil trégua que entrou em vigor em 10 de outubro, após dois anos de guerra, que o Hamas e Israel se acusam mutuamente de violar desde então.
As discussões realizadas hoje abordaram formas de "remover obstáculos e limitar as violações, de forma a preservar a trégua", informou a al-Qahera News.
O encontro no Cairo ocorre dois dias após a visita de uma delegação do Hamas para discutir a segunda fase com o chefe dos serviços de informações egípcios, Hassan Rashad.
Muitos detalhes permanecem por resolver após a assinatura do acordo de cessar-fogo, particularmente em relação ao calendário de implementação das etapas seguintes e à forma como se irão desenrolar.
O acordo estipula o destacamento de forças no território palestiniano, formando uma força internacional de estabilização, composta maioritariamente por países árabes e muçulmanos, para supervisionar a segurança durante a retirada do exército israelita do enclave palestiniano.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Badr Abdelaty, defendeu hoje, num discurso na Câmara de Comércio Americana no Cairo, a necessidade desta força e destacou os esforços do Egito para garantir o acesso da ajuda humanitária, que se mantém limitada, à Faixa de Gaza.
Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, os bombardeamentos israelitas mataram pelo menos 345 pessoas, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.
A primeira fase da trégua inclui a troca dos últimos 20 reféns vivos e 28 mortos na Faixa de Gaza por quase dois mil prisioneiros palestinianos e os corpos de outras centenas que Israel mantinha na sua posse.
O Hamas entregou hoje mais um corpo, que, se for confirmado corresponder a um refém, reduzirá para apenas dois o número de pessoas na Faixa de Gaza a resgatar por Israel ao abrigo do entendimento.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território, um desastre humanitário e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.